domingo, novembro 21, 2004

Depressões 16/11/2004

Neste post que aqui coloco retrato uma situação vivida por mim recentemente e que senti ser importante retratar por palavras, ou melhor, desabafar. Escolhi na altura, uma vez mais, o "fórum ex aequo" da "associação rede ex aequo".

É impressionante como as pessoas conseguem magoar-me mesmo sem quererem, em especial amigos que gosto e para os quais o que me dizem é importante… Em especial nesta fase da minha vida, devido à “idade das trevas” por que passo neste momento, com a depressão a invadir os meus sentidos e pensamentos, qualquer comentário é avaliado erradamente por mim, não consigo relativiza-lo, encaro-o como uma crítica feroz e muitas vezes até propositada para me fazer sentir mal, péssimo; parece que ninguém percebe o que passo e o que sofro todos os dias em silêncio, sinto-me incompreendido muitas vezes… aliás, quase todas as vezes. O pior é que tenho que ser socialmente correcto e sorrir, falar e ser simpático quando na verdade apetece-me desaparecer completamente, deixar de existir. Ainda hoje aconteceu isso mesmo. Estava eu no Alkimia e no espaço de dois minutos recebo críticas de toda a gente com quem estava na mesa menos do N.!! Primeiro foi o A. que, mesmo com um sorriso brutal escarrapachado nos lábios, que salientava ainda mais o seu ar de satisfação cínica por me contrariar, recusou que eu participasse na conversa que ele estava a ter com o N., assim sem mais nem menos! Fiquei estupefacto, que brutalidade e que frieza, credo. A seguir meti-me com o “mais que tudo” do N., o R., e ele não entendendo que estava a brincar com ele responde-me, com um ar sério, num tom seco, «devias moderar os teus comentários»! Ainda por cima dele, que é das pessoas que mais gosto e com o qual gosto até de desabafar de vez em quando, coisa que não faço com toda a gente. Enfim, foi como um tiro no peito; aquela altivez e ar superior a dar uma descasca no rapaz inferior e “baralhado das ideias”, confuso e imaturo… que raiva que me meteu e ao mesmo tempo que dor no meu peito. Ninguém tem a mínima paciência para mim, no entanto eu absorvo muitas vezes carradas de queixas dos meus amigos e sabem lá eles muitas vezes como me sinto por dentro, como me faz mal estar a ouvir isto ou aquilo… «Ele é tão compreensivo…» pois! E para quando vocês? Quando é que se apercebem da importância dos amigos na terapêutica anti-depressiva? A seguir foi a vez da M. que me repreendeu por causa de uma conversa que tive com ela via MSN havia uns tempos e que, na altura, aproveitei para brincar um bocadinho com ela, para ver se me (auto)animava e a animava a ela também (que diga-se, em abono da verdade, que também ela tem tendências depressivas óbvias). Pensei que ela iria reagir rindo e entrando na brincadeira (que era mais do que óbvia, diga-se de passagem), aproveitando para me animar um pouco, mas não: reagiu com uma atitude pudica de pessoa extremamente ofendida! Esta tarde, no Alkimia, não teve contemplações, vendo que estava aberta a época de tiro ao alvo à minha auto-estima, aproveita o timing e abre fogo… Despedi-me meio atordoado e fugi dali para fora com a maior rapidez possível… credo! Quem precisa de inimigos!

Pelo menos, mal saí deste inferno, decidi ir à FNAC, passar pela secção de psicologia e de sociologia para fazer umas compras! Ainda bem que fui. Fiz duas excelentes compras e acabei por lanchar no “Café di Roma” dos “Armazéns do Chiado” folheando as últimas aquisições. Estava para comprar este livro sobre depressão há uns tempos, e como hoje de tarde acabei de ler o único livro que tinha sobre o assunto achei que era mesmo the right time para mais uma aquisição! Nestes últimos tempos tenho lido muito sobre psicologia, em especial sobre síndromas depressivos. Quanto mais souber sobre o que se passa comigo melhor e mais rapidamente me posso curar, além de que me dá certo alívio verificar que há pessoas que passaram pelo mesmo sofrimento que eu e que recuperaram a alegria de viver. O caminho tem altos e baixos, mas espero que a média seja sempre a subir…

Tal como no caso do post anterior espero que as pessoas que lerem este blog e que estão visadas neste post, não o encarem como um ataque pessoal, mas sim como a escrita desesperada de um amigo que precisa da vossa compreensão nesta fase da sua vida.