quarta-feira, abril 26, 2006

“Viver Sozinho” é “Simplesmente Viver”

Numa conversa com a minha mãe, há algum tempo, falava-lhe de estar sozinho e de como deveria ser muito bom poder chegar a casa e saber que existe uma pessoa que se preocupa connosco e que nos ama. Que mesmo que não more connosco, podemos telefonar-lhe. A minha mãe, ao ouvir-me a falar disso, começou por dizer que nós, estamos sempre sozinhos, que mesmo acompanhados estamos sozinhos, que mesmo quando estamos casados estamos sozinhos, e que se queremos fazer qualquer coisa temos que a fazer por nós, porque ninguém a vai fazer por nós! Fiquei surpreso a olhar para ela. De certo que tem muito mais experiência de vida pois já ultrapassou “metade de século” enquanto eu fico-me pelo “quarto de século”, e deve saber do que fala. Em certa medida entendo o que me quer dizer, por outro lado não sou capaz de negar que sinto aquele vazio que só é preenchido pelo calor das emoções. No final fiquei sem uma resposta precisa (mania de engenheiro...). Mas não é isso mesmo a vida? Simplesmente viver o dia-a-dia? Viver alienado de tudo e de todos, sem preocupações de quaisquer género é obviamente uma forma de vivermos à margem da sociedade e da própria riqueza da vida, mas viver alucinadamente preocupado sobre os pormenores de todos os minutos dos dias durante os próximos vinte anos faz da vida um martírio inútil e frustrante. Por isso penso que o melhor mesmo é «simplesmente viver»...