segunda-feira, maio 29, 2006

B.M. Revê Evolução do Preço do Petróleo

Por muito que os senhores economistas queiram tirar nabos da púcara, como se costuma dizer, eu continuo céptico em relação à diminuição dos preços do petróleo, simplesmente porque tenho a convicção que se deve também a um estrangulamento da oferta, algo que é contraditado pelos especialista, que afirmam que a Arábia Saudita está a operar apenas a 60% da sua capacidade máxima. Ora, mesmo assim, fazendo algumas contas simples, vemos que gastamos o primeiro trilião de barris de petróleo em 124 anos, e vamos apenas demorar 26 anos a consumir (desenfreadamente) o segundo trilião! Podemos ter “muito” petróleo no subsolo, mas à luz da explosão do consumo, e da explosão demográfica (correlacionada com o consumo), torna-se mais difícil de antecipar um futuro sorridente. As economias mais industrializadas e mais ricas do mundo são também as mais dependentes do petróleo, gás natural e carvão: os Estados Unidos, o Canadá, a Europa Ocidental (e, rapidamente, a Oriental), o Japão, a China, Taiwan, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia. Estes países trabalhadores estão cada vez mais dependentes dos países produtores de petróleo, que tirando apenas uns poucos (como a Rússia e a Noruega) não fazem mais do que viver sem trabalhar à custa dos petro-dólares. Esperemos que possíveis constrangimentos não nos levem para uma guerra mundial. O Japão viu-se obrigado a atacar os EUA em Pearl Harbour quando os EUA, a Grã-Bertanha e a Holanda fizeram um embargo petrolífero ao Japão. Este fez aquilo a que foi obrigado para manter os fornecimentos: atacou a Indochina para se apoderar dos poços petrolíferos que aí existem e atacou os EUA. Esperemos que nenhum árabe acéfalo se lembre de cortar os abastecimentos à China...
Banco Mundial prevê preço do petróleo nos quarenta dólares em 2010

Andrew Burns e Douglas Hostland são economistas do Banco Mundial, e participam na elaboração do relatório anual Global Development Finance, que analisa a evolução recente e as perspectivas para o futuro das economias dos países em vias de desenvolvimento.

29.05.2006 - Pedro Ribeiro PÚBLICO