sábado, maio 13, 2006

«É a Energia, Estúpido!»

Esta frase, adaptada da original, «É a Economia, estúpido!», como uma forma de brincar com o carácter muitas vezes demasiado economicista dos argumentos de defesa das medidas que os políticos escolhem tomar, é uma forma de mostrar que as alterações da nossa precepção das limitações energéticas petrolíferas do mundo estão a colocar a nossa sociedade sob tensões nunca antes sequer imaginadas.

Basta para tal olhar para alguns exemplos para verificar como é que o mundo muda quando tem mesmo que mudar. Quando a suposta "crise" petrolífera passa a estado definitivo e normal, onde a única hipótese é mesmo ficar cada vez pior, dada a sede insaciável da China, Índia, e outros novos actores da cena internacional que anseiam por uma industrialização e nível de vida igual aos dos países ricos, a economia do pequeno Portugal, profundamente viciada em petróleo, começa a ressentir-se de uma forma cada vez mais pronunciada, a começar pela inflação, mas não só... Veja-se a este propósito esta notícia do Público:

Importação de combustíveis continua a agravar défice comercial

O défice comercial agravou-se 11,8 por cento nos primeiros dois meses do ano, em comparação com igual período do ano anterior, penalizado sobretudo pelo aumento das importações de petróleo, indica hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).

09.05.2006 Lusa
Mas nem tudo é mau quando o cenário começa a enegrecer. Como diz o ditado «a necessidade faz o engenho». Nos conservadores EUA, liderados pelo proeminente Partido Republicano (direita), que historicamente sempre teve muitos laços com o lobbie petrolífero, a política oficial anti-Protocolo-de-Quioto, anti-energias-alternativas e anti-impostos-sobre-os-combustíveis, começou a mudar, e desta vez pela mão dos próprios Republicanos! Ora vejam:

EUA: Câmara dos Representantes quer criar prémios para distinguir inovação energética

A Câmara norte-americana dos Representantes, de maioria republicana, adoptou hoje um projecto de lei que autoriza o secretário de Estado da Energia a criar prémios que promovam a inovação tecnológica, a fim de desenvolver o hidrogénio como fonte de energia.

10.05.2006 AFP
E mesmo no pequeno Portugal periférico até poderá haver esperança se houver uma política energética que faça sentido, que abranja todas as possíveis energias alternativas e que aproveite ao máximo todas elas, resoluta e imediatamente. Eis um exemplo, de uma tecnologia pouco conhecida do público:

Parque de ondas da Póvoa de Varzim arranca este Verão

O primeiro parque de ondas capaz de gerar electricidade vai começar a funcionar este Verão na Póvoa de Varzim, anunciaram esta manhã os responsáveis pelo consórcio promotor, a Enersis e a escocesa Ocean Power Delivery. O projecto representa um investimento total de 8,5 milhões de euros.

12.05.2006 Lusa, PUBLICO.PT
Afinal poderá haver esperança!