segunda-feira, setembro 25, 2006

Leituras 4 - O Cubo e a Catedral

O livro que li mais recentemente foi «O Cubo e a Catedral - A Europa, A América e A Política Sem Deus», de George Weigel, da Alêtheia Editores. É um livro interessante que se tem que ler com o espírito aberto, em especial por um europeu ocidental como eu, dada a temática bastante crítica da sociedade europeia. É uma obra que oscila entre ser filosófica, política ou até teológica. Tenho que dar os parabéns ao autor por me colocar a pensar em variadíssimas questões que até então não me passavam pela cabeça, mas fiquei igualmente irritado com as preocupações que me deixou e a sensação da fragilidade civilizacional em que vivemos. Como é natural o autor e eu divergimos em muitos aspectos e concordamos noutros.

Sem mais rodeios transcrevo os pequenos textos que vêm nas capa e contracapas:
«Recordando-nos que a História é vista com mais rigor através da cultura do que através da política ou da economia, Weigel traça em O Cubo e a Catedral as origens do «problema Europeu» - que se tornou evidente na I Guerra Mundial - e leva-nos ao «drama do humanismo ateu» da vida intelectual europeia do século XIX. Os líderes culturais europeus consideravam que era necessário abandonar o Deus da Bíblia para que a libertação humana fosse possível, mas o que, de facto, puseram em movimento foi um processo histórico que acabou por provocar duas guerras mundiais, três sistemas totalitários, o Gulag, Auschwitz, a Guerra Fria e, mais ameaçadoramente, o despovoamento do continente, uma ameaça maior nos nossos dias do que na época da Peste Negra. No entanto, enquanto pensadores europeus e americanos se debatem com os graves problemas causados pelo colapso moral europeu, pelo seu défice de poder e pelo seu despovoamento, muitos líderes políticos europeus continuam a insistir - mesmo recentemente, durante o debate sobre a nova Constituição Europeia - que só uma opinião pública isenta de argumentos religiosos e morais consegue garantir os direitos humanos e a democracia. Weigel sugere, precisamente, que o oposto é que é verdade: as pessoas que construíram a «catedral» ainda hoje nos falam de um compromisso para com a liberdade do povo; as do «cubo», não. A pergunta que se coloca aos Estados Unidos e a qualquer outra democracia, provocada pelo «problema europeu», é se pode haver uma verdadeira «política» - um verdadeiro debate sobre o bem comum, ou uma verdadeira defesa da liberdade - sem Deus. George Weigel defende que «não» porque, numa análise final, as sociedades e as culturas são tão grandes quanto as suas aspirações espirituais.

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Por que razão vêem os europeus e os americanos o mundo de maneira tão diferente? Por que razão europeus e americanos têm uma noção tão diferente da democracia e dos seus descontentamentos no século XXI? Por que razão está a Europa a morrer demograficamente?

Em O Cubo e a Catedral, George Weigel oferece-nos uma crítica profunda sobre o «problema europeu», tirando dela lições para o resto do mundo democrático. Contrastando com a civilização que produziu o «rígido cubo» modernista do Grande Arco de La Défense, em Paris, com a civilização que produziu a «catedral», Notre Dame, Weigel argumenta que a ligação da Europa com o secularismo tacanho e limitado provocou uma crise civilizacional e moral que está a corroer a alma auropeia e não consegue criar um futuro para a Europa.»
George Weigel, teólogo católico e um dos mais distintos intelectuais americanos, é autor de importantes livros, entre os quais a biografia do Papa João Paulo II, The Courage To Be Catholic e Letters to a Young Catholic. Membro do Ethics and Public Policy Center de Washington D.C., Weigel é também consultor de assuntos do Vaticano na NBC News e escreve frequentemente artigos, ensaios e análises para vários periódicos. A sua coluna semanal «A Diferença Católica» aparece em jornais de todos os Estados Unidos. George Weigel vive com a mulher e a família em North Bethesda, Maryland.