quinta-feira, junho 01, 2006

Petróleo

Terminei a leitura do livro “Petróleo: Qual Crise?”, de J. Caleia Rodrigues, Booknomics. Depois do primeiro capítulo verdadeiramente decepcionante o livro vai ganhando interesse com o passar dos capítulos. Devo advertir quem o comprar que é um livro escrito por uma pessoa que sempre trabalhou na área petrolífera, do carvão e do gás natural. Portanto, nas “soluções” que o autor propõe para a crise actual estão incluídas somente iniciativas da parte da «oferta» de mais hidrocarbonetos. Não se aborda o tema das “alternativas”, “verdes” ou “renováveis”. O autor é no entanto muito conhecedor dos aspectos geopolíticos do mercado mundial de hidrocarbonetos, pelo que tem grande interesse a história (da nossa dependência) energética, dos diversos produtos que fizerem parte dessa história, da contribuição do petróleo para as guerras mundiais bem como a utilização da arma-petróleo como forma de coação política. É um obra interessante embora não seja um apreciador da forma específica de escrever do autor.

Como já é meu hábito transcrevo a contracapa:

«Quanto petróleo existe no subsolo? Quanto poderá vir a ser possível extrair no futuro? Nunca ninguém soube ou terá a veleidade de tentar inventariar! Mas a delapidação dos recursos petrolíferos é preocupante.

Surgiram, entretanto, novos actores na cena internacional: a China e a Índia, que comportam um terço da população mundial e estão dependentes do petróleo para dar continuidade aos seus programas de desenvolvimento. Estes novos consumidores gigantes sobrepuseram-se às economias industrializadas que foram relegadas para lugar secundário na ordem das prioridades a satisfazer.

Com a alteração do naipe de consumidores acabou por emergir a Rússia a liderar o mercado de abastecimento com os seus imensos recursos de gás e petróleo.

O Presidente russo anunciou em Janeiro de 2006 a imediata construção de um oleoduto com capacidade para transportar os 5 mil milhões de barris que irá entregar à China até 2030. Caminhamos para o esgotamento do petróleo convencional.

A alternativa poderá estar nos petróleos pesados ou nos sintéticos a partir do carvão, já em produção comercial. Para quem os puder pagar!

O grande obstáculo à utilização maciça destes petróleos não-convencionais reside nos custos da extracção e do processamento. Ambos exigem um grande esforço financeiro de retorno a longo prazo. Sem esquecer as exigências ambientais.

Aos países extremamente dependentes que não os possam pagar não restará outra saída que não seja a de optar por energias renováveis: hídrica (se tiverem água), eólica (se tiverem vento) ou biomassa (se tiverem solo arável e água).

Seremos obrigados a conjugar as várias fontes energéticas disponíveis e utilizá-las racionalmente. No equilíbrio das várias opções a tomar, residirá o bem-estar da civilização tal como a conhecemos.

E a Europa? Continuará unida em torno desta questão simultaneamente política, económica e social?»