quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Crazy Way of Life!

Fico por vezes espantado com a falta de paciência dos cidadãos da sociedade moderna. Sempre apressados para irem para qualquer lado, seja de carro, de autocarro ou de metro, buzinam e resmungam à mínima contrariedade, ao mínimo segundo perdido irremediavelmente numa fila de transito, nas filas de pessoas à entrada do metro, quando aguardam para serem atendidas pelo garçon num café… Todo o tempo é crítico. Perde-se dinheiro quando se perde tempo. Também se perde paciência quando se perde tempo. Comem ao mesmo tempo que lêem um jornal, vêm televisão e falam ao telemóvel através de modernos auriculares com microfones à James Bond ou à sala de operações de voo da NASA. Passam umas pelas outras e, ao mesmo tempo, estão completamente alienadas da sua presença mútua. Olham fixamente um ponto misterioso e indefinido no horizonte, o seu semblante mostra as preocupações a correrem em background ao mesmo tempo que o cérebro reorganiza a agenda diária com os novos inputs devido aos imprevistos quotidianos… As pessoas correm, falam, comunicam, escrevem, lêem, viajam, cumprem as suas funções na sociedade. Cada vez mais a informação está ao alcance de todos através de novas e diferentes formas, cada vez com mais rapidez, alcance, universalidade e em maior quantidade. As pessoas podem comunicar instantaneamente com outras que se encontram nos antípodas do globo. No entanto cada vez há mais pessoas a viverem sozinhas – sacrificando os relacionamentos duradouros em detrimento de carreiras de sucesso extremamente exigentes a nível de mobilidade e tempo, muitas vezes bem remuneradas, cifrões esses que por vezes pouca companhia oferecem quando o trabalho acaba e se tem “um tempo livre” para respirar, e com essa pausa, “tempo livre” para reflectir na vida de louco que temos vivido e quão isolado nos encontramos… A reforma é um pesadelo, não uma benção. Depois desse limiar etário seguir-se-ão quantos anos de vida solitária, amargurada, saudosista e cheia de recriminações por se ter enveredado por tão demente forma de vida? É por isso que por vezes temos que dizer «BASTA» e retirarmo-nos, afastarmo-nos das fontes de stress e conflito, e meditarmos sossegadamente sobre a nossa vida, sobre o rumo que levamos, o que atingimos já, o que queremos atingir e como lá chegar com a máxima felicidade possível. Tudo isto porque aliás duvido que um qualquer indivíduo, às portas da morte, se arrependa de não ter ganho mais dinheiro, não ter alcançado mais fama, não ter comprado mais bens… penso que nessas alturas as pessoas pensam antes como poderiam ter dado e recebido mais amor, partilhado a sua vida com outros, saboreado as felicidades quotidianas nas coisas mais simples, como dar uma volta pelo parque com o Boby Cão, pensarão talvez se não seria bem melhor ter tido mais férias descansadas com a família e os filhos… No fundo, é como diz a canção: “É preciso ter calma. Não dar o corpo pela alma.