terça-feira, dezembro 05, 2006

06:00 AM

O Miguel levanta-se apressado...Maldito despertador”, injurio eu, nos meus pensamentos, enquanto me viro e coloco a almofada por cima da cabeça. É sempre tão frustrante quando ele tem que sair sem mim tão cedo de manhã. Sai do quarto em direcção ao quarto de banho. Ouve-se água a correr. Está a tomar o duche matinal.Queria tanto estar aí contigo”. Mas, seis da manhã... sinceramente, não me estou a ver levantar tão cedo. Mas a vida é assim, uns levantam-se mais cedo, outros deitam-se tardíssimo, como eu. Na verdade temos que seguir o padrão do local onde trabalhamos, e lá no laboratório de simulação numérica aerotermodinâmica todos temos as nossas pancadas particulares. E todos têm em comum começar o dia lá para as dez ou onze da manhã (madrugada aliás...). Por causa disso não posso passar com ele o tempo que desejava. Quando chego a casa já ele dorme como um menino pequeno, tão ternurento, com a boca semi-aberta, respiração longa, cabelos rebeldes a contrastar com uma pele suave e branca como a neve. Nessas alturas apetece-me acorda-lo com beijo suave, abraça-lo, entrelaçar as suas pernas nas minhas, sentir o batimento cardíaco dele com o meu peito colado ao dele... Mas ele tem que se levantar cedo na manhã seguinte. A porta abre-se e o Miguel entra sem fazer barulho, em tronco nu e uma toalha à volta da cintura. Ajeita o cabelo preto à sua maneira e abre o armário da roupa.Vem para a cama lindo...” digo eu para comigo. Não há nada como o Miguel depois de ter tomado banho, todo cheiroso, quentinho e suave, nos meus braços... Veste o fato e ajeita a gravata ao espelho. São as regras de indumentária da empresa. Mas embora ele tivesse ficado com uma cara de poucos amigos quando soube da regra, o que é certo é que eu o acho uma brasa com um fato de executivo. Olho ternurentamente para ele por debaixo da almofada. Ele retribui com um olhar querido. “Ohh... amor. Não te queria acordar.”, sussurrou-me sentando-se na cama e curvando-se sobre mim. “Beijinho...”, peço eu, ensonado, em voz baixa e arroucada. Um sorriso malandro recorta-se nos seus lábios finos. Beija-me docemente nos lábios. “Agora volta a dormir boneco”, diz-me, cobrindo-me melhor e dando-me festas no cabelo e na face. “Até logo...”. Voltei-me para o lado. Ouvi a porta da rua a bater. Pelo menos no fim-de-semana ia leva-lo a conhecer o Dôjo de Aikidô de Sintra, passear com ele entre os jardins invernais... com pontes arqueadas... o lago... [adormeci]