segunda-feira, março 21, 2005

Patético!

Cada vez mais me convenço que sou patético em tudo o que tenha que ver com namoros ou relações sentimentais com outros rapazes. Desta vez não foi excepção. O M., de quem já havia escrito aqui anteriormente, não gosta de mim, nem de perto nem de longe. Foi tudo, infelizmente, [mais] um sonho muito cor-de-rosa na minha cabeça. Pensei que poderia ter uma relação como as minhas amigas Cacao, pensei que fosse possível ele ter-se apaixonado por mim… não sei se chore ou se ria perdidamente. Patético. É óbvio que não.

As minhas amigas Cacao apaixonaram-se quando ainda faziam parte do antigo Projecto Descentrar. Encontraram-se lá, conheceram-se lá, apaixonaram-se uma pela outra lá. São um casal que me serve muitas vezes de referência. São um role model para mim acima de tudo. Quando me dei conta que aquilo que senti pela primeira vez pelo M., no dia que o conheci, não desapareceu passado um mês. Quando me dei conta que quanto mais o conhecia mais gostava dele, mais o admirava, mais queria e desejava estar junto dele, falar com ele, telefonar-lhe, enviar-lhe SMS’s, comecei a aperceber-me que estava apaixonado. Há tantos meses que não me sentia assim. Há muito, muito tempo. Aliás, diz-se que cada relação é diferente das outras; bom, não poderia concordar mais. Penso que, concentrando-me muito nos meus [efémeros] relacionamentos anteriores, nunca me senti desta forma. Not really like this. Pensei a certa altura que, de facto, iria ser “desta vez” que me iria sair a “sorte grande”. Patético. Estava no Projecto Educação com ele, nisso havia uma semelhança com as meninas Cacao, mas nada mais do que isso – uma simples semelhança – porque a realidade é bem diferente no meu caso: não sou minimamente interessante quando comparado com qualquer das meninas Cacao. Sonhador, sim, sou sonhador, é isso, sonho demais com coisas impossíveis.

Certo dia ele disse-me que estava a ter uma “relação” há três semanas com um rapaz, mas que o outro rapaz não lhe dava a atenção que ele precisava, que ele desejava, que ele [talvez] sonhava. {Ao mesmo tempo fazia as contas e reparava que ele tinha começado a “namorar” ou a “relacionar-se” – conforme der mais jeito – com o tal rapaz-mistério depois de eu o ter conhecido pela primeira vez aquando da entrevista do Projecto Educação. Fiquei muito magoado, mas sabia que não mandava no coração dele. Ele tinha todo o direito de se apaixonar e entregar-se a quem quisesse. Eu é que não tinha direito algum de lhe exigir “fidelidade” a um sentimento que só existia mesmo dentro de mim, no meu peito… por isso sofri sozinho essa palavras duras.} Como eu te compreendo… – pensei de imediato. Nas minhas [efémeras] relações passadas estive sempre numa relação de desequilíbrio em relação aos petit garçons que eram meus “namorados” nessa altura. Sempre tive que ser maioritariamente eu a “puxar a carroça”, sempre eu a convidar, a sugerir, a pedir um [re]encontro, a acariciar a primeira vez, a abraçar, a tocar, a beijar… sempre eu a fazer os sacrifícios necessários para estar com ele, faltando às aulas, desmarcando compromissos estabelecidos… sempre eu. Cansa. A sério que cansa ser sempre eu a ter que lutar por um rapaz. Desta vez, vim a saber por outras pessoas que o peti garçon do M. era um velho amigo e conhecido meu, uma pessoa que já conhecia de ginjeira e cujos feitos heróicos davam um livro – o mesmo petit garçon que havia quebrado o coração ao meu amigo D. da faculdade, o mesmo petit garçon que estava a ter uma relação com outra pessoa na altura em que conheceu o D. Só de pensar que houve um dia – há mais de dois anos atrás – em que cheguei a beijar e a [felizmente só] dormir na mesma cama que esse petit garçon, well that makes me sick! Quando soube que era esse petit garçon que estava no coração do M., que era dele que ele gostava, que era dele [e não de mim] que ele sentia falta, nessa altura o meu coração parou por momentos, senti-me vazio, vencido, sem propósito de vida, como se afinal [e mais uma vez] fosse tudo uma grande ilusão, um sentimento que só existia dentro de mim, em mais lado algum, muito menos no coração do M. Patético. Era óbvio que não poderia ser de outra forma. Esse petit garçon com quem o M. teve um relacionamento era mesmo assim mais interessante do que eu. That’s life! O melhor é mesmo esquecê-lo, dobrar a página e passar ao capítulo seguinte.

A verdade é que nunca me senti amado por alguém que amasse. Nunca. Nunca me senti desejado por alguém a não ser o meu primeiro namorado. Essa relação durou somente um mês, eu estava em Lisboa, ele estava no Porto. Encontramo-nos quatro dias durante esse mês. Para muitas pessoas isso nem sequer corresponde a um namoro no verdadeiro sentido da palavra, para mim, no entanto, foi a única vez que me senti desejado por algum rapaz. Por isso ainda o guardo no coração como um “namoro”. Infelizmente não o amava como sempre sonhei amar alguém. Acabei o nosso relacionamento. É preferível assim do que estar a “enganar” uma pessoa com um falso amor. Em todo o caso senti-me desejado. Infelizmente não o amava totalmente. Depois desse primeiro relacionamento – já lá vão uns anos – nunca mais senti esse fervor de paixão nos olhos de um rapaz – muito menos de um rapaz que eu amasse. Todos os rapazes de quem gostei não gostaram de verdade de mim. Por isso, nenhuma dessas relações deu certo, nem sequer começaram muitas das vezes.

Workaholic! É nisso em que eu preciso de me transformar. Trabalhar, trabalhar e não pensar em mais nada do que o simples trabalho. Desta forma evito conhecer pessoas novas que invariavelmente me vão levar ao sofrimento pessoal. Evito pensar no “estado da nação” da minha vida sentimental. Evito pensar no meu círculo de amigos e o quanto alguns me deixaram desgostoso. Não vale a pena o esforço e o sofrimento de conhecer pessoas novas, não vale a pena o sofrimento e a perda de tempo de apostar em potenciais relacionamentos, não vale a pena a perda de tempo e o fugaz prazer de fazer mais coisas do que trabalhar. Está claro na minha mente nesta altura que não irei encontrar tão cedo alguém de quem goste e que me retribua os sentimentos, por isso nada melhor do que me dedicar ao estudo das minhas disciplinas científicas tão deliciosamente precisas e exactas, onde a razão impera e o sentimento não interessa para rigorosamente nada! :)

Acordei às três da tarde hoje. Mais uma vez fiquei a dormir até tarde. Para quê acordar cedo? O que me faria levantar cedo? Quem em faria levantar cedo? No one! Nestes últimos dias não tenho dormido na residência. Tenho dormido na casa das minhas amigas Cacao. Tenho lá muitas coisas de que preciso como a escova dos dentes e o dentífrico, o meu carregador de telemóvel e o meu pijama! Além disso tenho um livrinho [not!] de Mecânica dos Materiais e o meu dossier do Projecto Educação com os “Tools” que estou agora a traduzir. Tenho que ir até lá daqui a pouco. A casa delas é pertinho daqui da residência. Num saltinho estou lá. Pena que o tempo esteja tão Londrino! Parece-se com o meu estado de espírito: nublado, escuro, cinzento, abafado, triste, com lágrimas a cair dos céus… Vou até à Cacao-Maison buscar as minhas tralhas e estar um bocadinho com as minhas amigas Cacao e com o bebé-Caju-Cacao! :) Com sorte a dona-cacao ainda vai passear o boby-cão-Caju e eu também vou dar uma voltinha pelos jardins do parque. Preciso de falar com alguém. Preciso de ver pessoas.

Na próxima quarta-feira vou para casa, vou ter com os meus pais e descansar a cabeça dos problemas de Lisboa, da vida horrorosa da capital. Preciso dos montes verdejantes de arvores a perder de vista. Preciso de rever a minha cama para me deliciar em dezenas de horas seguidas de sono reparador. Preciso de um abraço da minha mãe. Preciso de paz, para pensar no que fiz de tão errado, do que tenho que mudar em mim, do que me falta conseguir… I need time to think! I need time to myself!