quinta-feira, março 17, 2005

Um Sorriso Encantador

Nem sempre posso dizer que sair da cama valeu a pena, mas hoje é um desses dias. Acordei muito tarde, aliás, levantei-me muito tarde, porque acordado já estava eu há muito tempo. À hora marcada, 17h00, apareci no portão da faculdade onde me esperavam aqueles olhos magníficos que me cativaram desde o primeiro momento. Sorri. Um sorriso encantador retribuiu-me a simpatia e começamos a andar em direcção à sala de estudo onde iríamos passar as próximas quatro horas. É impressionante como o tempo passa a correr quando estamos na companhia de uma pessoa interessante e simpática, quando estamos ao lado de alguém que nos faz tremer da cabeça aos pés. Foi assim que me senti hoje. Ansioso, receoso, amedrontado. Será que iria estragar o momento com uma daquelas reacções infantis que volta e meia tenho na presença dos rapazes mais espectaculares? Não me admiraria nada. Houveram uma ou duas situações que me arrependi, mas no cômputo geral posso dizer que não foi um desastre. Antes de irmos para a faina das traduções – our official business after all – passamos pelo Alkimia para ele comer alguma coisa: estava esfomeado. [Ouvi dizer que ele é mesmo assim: quando começa a comer não para! E eu acho isso lindo! Ouvir dizer que no acampamento do ano passado toda a gente ficava de boca aberta com a quantidade de comida que ele devorava logo no pequeno almoço!]. As traduções seguiram-se na sala de estudo de química e depois passaram para o ‘aquário’, quando o “Besouro” – aquela contínua horrivelmente antipática e mal-educada que vem sempre mandar vir com o pessoal que está a estudar! – apareceu e estragou o nosso silencioso momento a dois que estávamos a ter desde que ficamos sozinhos na sala. Estava a adorar estar sozinho com ele. Milhentas coisas a rodopiar em redor da minha mente, inúmeros desejos aprisionavam-se no meu peito, um livro de palavras minhas destinadas só a ele amordaçado atrás do meus dentes… mas era cedo demais. Primeiro quero conhece-lo melhor. Não chega este sentimento de empatia. Não é suficiente os seus lindos olhos, o seu sorriso encantador, nem a sua beleza extraordinária. Preciso de saber se somos compatíveis, se conseguimos falar horas um com o outro… e, mais importante de tudo: se ele sente o mesmo que eu e se tem a coragem de dar um passo em frente. Estou cansado de ser sempre o mesmo a ter que dar os passos todos, que ter que avançar, falar, tocar, telefonar, sorrir, convidar, sugerir, abraçar, beijar, afagar, acarinhar, acariciar… quero ser mimado, quero ser conquistado, quero sentir-me desejado… quero sentir que alguém pensa em mim, sente a minha falta, anseia a minha presença, precisa do meu apoio… Infelizmente nem sempre senti isto com ele. Tenho telefonado sempre eu, tenho enviado as SMS’s sempre eu, tenho sugerido encontros sempre eu, tenho feito os esforços para estarmos juntos sempre eu… embora seja verdade que o PE precisa do nosso contributo para se desenvolver a principal razão pela qual quero traduzir os textos é sem dúvida estar próximo dele. Devo-me envergonhar disso? Decididamente não! Que melhor razão senão uma 'queda' por um rapaz interessante para fazer algo que é preciso fazer? Não ouso dizer que o amo – pelo menos não ouso para já – mas sinto-me indiscutivelmente atraído por ele. Será que sou retribuído? Será que ele também sente o mesmo que eu? Penso que não sente exactamente o mesmo que eu, nem há tanto tempo. Terei que ter paciência e deixar que os sentimentos dentro dele se desenvolvam… o problema é que os meus impulsos nem sempre ajudam a que isso aconteça; por exemplo, sinto uma vontade quase primitiva de o tocar, sinto-me desconfortável ao olhá-lo nos olhos, fico desajeitado na presença dele (e faço figuras tristes por causa disso) e passo a vida a planear a próxima SMS que lhe vou enviar… por mais que diga que tenho que parar, quando me dou conta já estou a receber o relatório de entrega. Preciso de estar sempre ocupado para – tarefa assaz impossível – não pensar [sempre] nele.

Amanhã vamo-nos encontrar outra vez desta vez no Caffé Magnólia na Avenida de Roma lá pelas 19h00. Estou super ansioso. Já tomei as pills e entre estas estava o Xanax XR para ver se tremo menos das mãos e para ver se durmo esta noite: estou farto de ter insónias brutais durante toda a noite! Espero estar fresquinho amanhã para fazer boa impressão. Tenho que dar atenção também à S. e ao P. porque senão vai-se notar que estou a “arrastar a asa” ao menino giro! Imaginem até que ponto chega a minha obsessão que hoje esqueci-me da minha sessão de psicoterapia. Já há muito tempo que este tipo de “lapso” não me acontecia! Que vergonha! Coitada da Dra. Neuza, nem sei como lhe hei de dizer que foi por estar com a cabeça na Lua e o coração embrenhado em sentimentos românticos que faltei à sessão. Ainda nem sequer tive coragem de lhe enviar uma mensagem. :( Enfim… love, love, love… a quanto obrigas! LOL

As boas notícias são que em princípio este fim-de-semana vou passar a conhece-lo muito melhor! Espero bem que sim! O mais interessante é que está quase a fazer um ano que a minha anterior relação acabou e penso que ele é completamente diferente de todos os rapazes que conheci até hoje. Estou muito entusiasmado com tudo o que poderá advir desta nossa relação de amizade, pode ser que as coisas evoluam positivamente em direcção a um namoro, ou talvez não. Em todo o caso vou testa-lo brevemente. Vou apresenta-lo ao todos os meus colegas gay que forem ao ciclo de cinema da rede ex aequo e vou ver se ele se apaixona por algum deles. Se ele ficar apaixonado por algum deles vou sofrer horrores mas, pelo menos, evito envolver-me com uma pessoa que não se interessa por mim de uma forma genuína. Não quero andar aos “tropeções” em rapazes. Preciso de uma relação estável e duradoura. Espero que este moço de olhos claros, cabelo dourado, pele alva, voz cativante e com um sorriso encantador seja o the one que ando à espera há tanto tempo. :)