terça-feira, setembro 25, 2007

Pétalas a voar

É incrivelmente triste ter de passar por um baque de coração quando à nossa frente alguém extraordinário, até aí imaculado, nos diz - com um ar indefinível - já ter o seu coração entregue a outra pessoa, os seus pensamentos mais íntimos e profundos focados noutro, os seus passos depois de um dia de trabalho em direcção ao abraço fraterno de alguém que não nós próprios. É nesse momento infinitesimal que nos apercebemos da nossa fulgurante fragilidade - a nossa dependência da esperança (desesperada) de que façamos parte do pensamento contínuo de outrem. Sou dependente desse carinho que é ter um sorriso só meu nos lábios de outro, de saber-me pensado, recordado e preocupado por outrem que não deseja mais do que a reciprocidade da entrega. Hoje entreguei-me como não o fazia há muito e recebi como resposta não mais do que a impossibilidade de uma retribuição. «Depois de uma Serra, esconde-se uma Serra ainda maior», assim espero.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A minha simpatia para com a tua falência amorosa é infinita... Nada como um murro desses a seco para percebermos, termos mesmo a certeza, de que temos um coração no peito, um coração estupidamente teimoso. O problema é o que fazer com ele.

novembro 26, 2008 11:40 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home