sexta-feira, novembro 26, 2004

Back home from Japan…

À hora prevista telefono para o N. e, surpresa das surpresas, o rapaz que acorda todos os dias virado para Oriente, disse que não podia ir! Disse que tinha muito que fazer! Ora isto cabe na cabeça de alguém? Colocar as obrigações académicas à frente da cultura japonesa… isto é de loucos! lol E o F. que também era para vir, disse que tinha trabalho para fazer a partir das 19h00 e cortou-se também! Inacreditável… o cinto azul e o cinto verde faltam e vai o cinto branco sozinho para o São Luiz… deixem até o mestre saber disto! Kidding! Eu mal cheguei lá disse-lhe… segunda-feira, na aula de Aikidô, vão ver o que vos vai acontecer…

Depois desta desfeita toda, que estes meus colegas desnaturados do Aikidô me fizeram, lá arranjei maneira de aproveitar o bilhete do N. e levar o meu amigo A. ao teatro. Foi muito boa ideia leva-lo já que há ages que não falava com ele e assim pusemos a conversa em dia e além disso adoramos os espectáculos… e calhou-lhe muito bem este meu convite porque ele estava mesmo à procura de uma desculpa para não fazer nada o resto dia, mas não poderia ser por iniciativa própria – para não ficar com problemas de consciência – tinha mesmo que “acontecer algo”… And so it happened!

O espectáculo desta noite foi um estrondo realmente! Adorei! Começou pelo Coro. Eram quase todas mulheres no coro, com apenas cinco ou seis homens, uma pianista e um maestro que comandava as tropas. A média de idades devia ser 85 anos para cima… mas tinham boas vozes! Vinham todas de vestido comprido verde e com o mesmo colar – no que o meu amigo A. e eu reparamos… – e ainda usaram umas vestes japonesas diferentes a meio do espectáculo e os habituais leques! É um coro que foi formado em 2001 na cidade japonesa de Atami.

Seguiu-se o Kimono Fashion Show que foi muito giro. Começou com a forma floreada de vestir o kimono tradicional japonês até ao último detalhe… e para terem uma ideia demorou ainda algum tempo e deu tanta volta com tantos cintos e vestes que fiquei mesmo baralhado, mas no final a senhora ficou um espanto! De seguida houve uma passagem de modelos – média de idades a rondar os 90 anos – de kimonos com diferentes laços nos cintos, na parte de trás… alguns deles muito coloridos e folclóricos. Claro que quem causou sensação foi a garota de 50 anos que estava toda janota num “kimono-de-noite” LOL

Seguiu-se a Dança Popular Japonesa com destaque para as danças das cidades de Hiroshima e Nagasaki, devido aos ataques nucleares na Segunda Grande Guerra. Mas também de outras cidades do Japão… se não me engano havia uma dança da cidade Kyoto. As danças que achei mais piada eram aquelas que diziam respeito a actividades tradicionais, como a dança que retractava o corte de árvores nas serras para fazer carvão no Japão antigo, e outra dança que representava as lides piscatórias dos japoneses radicados numa ilha do norte do arquipélago… sem dúvida o realismo e a beleza dos movimentos síncronos, dos kimonos coloridos, dos leques, “pompons cor-de-rosa” e chapéus de chuva tradicionais japoneses, transmitiam calma e alegria. No fim atiraram para cima do público pequenos panos ou lenços dobrados com caracteres japoneses impressos e ainda distribuíram Origamis… como estávamos na terceira fila da plateia o A. apanhou com um lencinho e eu recebi um Origami!

At last but not the least… o melhor de todos os espectáculos: os Tambores! Eram tocados por duas famílias, uma de cinco elementos – avó, filhas e netas – e outra de quatro elementos – pais e duas filhas. A preparação física deles era invejável, desde a já ancienne grand-mère até à young teenager! Impressionante! Os diferentes ritmos – ora mais rápido, ora mais lento – a forma como se colocavam para fazer os batimentos – com o corpo numa posição baixa e movendo a anca, e não só os braços, como tanto se farta de resmungar o nosso professor de Aikidô para que nós façamos – os gritos em japonês de coordenação dos ritmos, as diferentes disposições dos tambores, os diferentes tambores – desde uns pequerruchos até um gigantesco colocado numa sólida estrutura de madeira – toda a ambiência e partilha de sentimentos era realmente primorosa… o público adorou e correspondia com palmas vigorosas. Se pudesse repetia a dose amanhã mesmo!

Depois das emoções fortes fui com o A. tomar um café e um Ginger Ale ao Heróis – que felizmente estava com pouca gente – e estivemos na conversa até bem tarde! Acabei por ficar a saber que um tal C. – do clube fag, como diz o B. – vai ao jantar de aniversário do A. e pode ser que seja… interessante! Vamos lá ver no que vai dar…

Comecei o dia com o pé esquerdo mas afinal acabei-o com o pé direito! I’m just happy!