sexta-feira, novembro 26, 2004

Leituras à beira rio…

Fui à faculdade de amanhã para almoçar e falar um pouco com o N., por sorte vi também por lá o R., o A., o D., o M. e o Alex… tudo do clube fag e, como habitual, todos na “fagolândia” lá do sítio: o Alkimia, ou também conhecido como o “8º Céu” – designação esta inventada pelo M.

Posta a conversa em dia voltei ao Parque das Nações e parei junto ao Tejo para me deliciar, com o Sol que ainda brilhava a aquecer-me o corpo magrinho, sentado num banco de betão pintado, de perna cruzada, a ler o segundo capítulo do meu livro de bolso sobre depressão que me tem mantido addicted… Parece que quanto mais leio sobre o assunto melhor identifico as minhas dificuldades e os meus trunfos, parece que já adivinho o que devo evitar fazer, pensar ou sentir, e aquilo que devo desenvolver ainda mais na minha personalidade bastante debilitada por seis anos de depressão… Mais constrangedor é que consigo agora identificar, em pessoas que me rodeiam, a sintomatologia que define o estado depressivo, e vejo que, de facto, muitas pessoas sofrem de depressão e nem sequer sabem; ou porque tentam enterrar a cabeça na areia e pensar que o que estão a sentir é uma fase, ou porque sabem que não estão bem mas não fazem ideia que nome lhe dar ou, pior ainda, porque pensam que os comportamentos que têm são características da sua personalidade e, por isso, “naturais”. Alguns dos meus amigos e conhecidos de certeza que estão em depressão… infelizmente. As estimativas dizem que só uma em cada quatro pessoas deprimidas é que é diagnosticada com depressão clínica, o que implica que a esmagadora maioria das pessoas acaba por viver em permanente estado depressivo durante toda a sua vida… um pensamento assustador!

O Tejo estava particularmente calmo hoje… quase sem ondulação nenhuma, sem uma brisa, apenas as ondas formadas por pequenos barcos de cortavam as águas serenas de vez em quando… parecia um lago em proporções gigantescas… tudo tinha tonalidades azuis, desde o rio até ao céu, com a linha de horizonte difusa devido à neblina mas marcada pelos traços da ponte Vasco da Gama… havia com certeza alguma excursão ao jardim da música ali ao lado, dada a quantidade de crianças e adolescentes vestidos de igual – como nos colégios privados – que se atarefavam a fazer a maior barulheira possível na sua alegria juvenil característica… começou a fazer frio depois do Sol se esconder atrás da colossal Torre S. Rafael… voltei a casa.