segunda-feira, dezembro 13, 2004

‘To Read’ or ‘Not to Read’?!

Curiosamente, e no seguimento do meu último post, o meu ex-namorado e eu tivemos uma curiosa conversa noutro dia sobre os “benefícios” e “malefícios” de [eu] ler alguns (!) livros sobre literatura específica/especializada acerca do meu problema de saúde [mental] actual – a depressão.

Segundo a posição dele não haveria benefício algum em ler o que ‘outros’ pensam sobre o ‘nosso problema’ dado que ‘cada caso é um caso’. De facto é sabido e verdade que cada caso é um caso, mas essa asserção não impede que o doente queira ouvir ‘segundas opiniões’ sobre as terapias que está a fazer, acerca da medicação que está a tomar, ter conhecimento de diversos casos clínicos tratados com mais ou menos sucesso, e em que medida eles são comparáveis com o ‘nosso caso’. Além disso custa-me a acreditar que um maior e melhor conhecimento/entendimento acerca do problema que tenho pela frente e como outros o enfrentaram e como o interpretaram não tenha importância no meu processo de “cura”, mas, mesmo que – hipoteticamente – não tenha qualquer interesse, pelo menos sacia a natural sede de conhecimento e curiosidade animal própria do ser humano.

Desde que fui ‘diagnosticado’, essa necessidade de saber mais sobre o que se passa comigo, sobre o que ‘se sabe’ sobre o assunto, fez-me perscrutar com atenção as secções de psicologia e sociologia de muitas livrarias, tentando descobrir no meio de milhares de livros aqueles que versam sobre depressão e ansiedade. Existem, e não são poucos! Muitos dos melhores livros ainda estão por traduzir para português mas já há algum trabalho publicado, de alemães, espanhóis, norte-americanos e portugueses. Já comprei alguns livros sobre o assunto, desde a versão psiquiatra, passando pela psicológica, até à sociológica. Encontro-me a ler um livro que versa sobre a depressão escrito por um sociólogo – professor universitário – que também ele teve (e ainda tem) depressão. Ao contrario do que o meu ex-namorado me disse, eu acho estes livros úteis, porque acredito piamente que ‘ter conhecimento’ é sempre melhor do que ‘ter ignorância’ sobre ‘qualquer coisa’. Não os leio sem um mínimo sentido de crítica saudável, um desconfiar das ‘receitas mágicas’, daí que leia diversos autores (alemães, norte-americanos, espanhóis e portugueses), de diversos campos de especialização (psiquiatria, psicologia, sociologia), de diversas escolas de pensamento (norte-americana vs. europeia), além de ter consultas de psiquiatria e fazer psicoterapia todas as semanas. Creio que atacando o problema de todas as frentes e tentando aprender o máximo sobre o mesmo seja um caminho racional e lógico que qualquer pessoa enveredaria se desejasse com muita força soltar as amarras da depressão e dar um salto em frente em termos de qualidade de vida. Estou cansado destas amarras que me impedem de ser “eu próprio”, de “fazer o que quero” e estar subjugado ao poder controlador de uma entidade imaterial mas bem presente que me controla as acções e reacções em cada instante sem que tenha qualquer controlo sobre ela… Tenho imensos livros já comprados e tive que por o limite a mim próprio de que só comprarei mais livros sobre este tema depois de ler todos os que tenho actualmente. Dado que vou entrar em época de exames brevemente é provável que não vá ter muito tempo nos próximos dois meses para ler algo mais que as ‘bíblias’ da faculdade. Whatever!

Desta forma acabei hoje o quinto capítulo, chamado «Coping e Adaptação», do livro do David A. Karp que ando a ler. Interesting! Segue-se o capítulo «Família e Amigos»… prepare yourselves folks! LOL