terça-feira, março 22, 2005

Insónia

Estou com uma insónia daquelas… não consigo dormir. Estou sempre a pensar no M. Não consigo parar de pensar nele. Invento, reinvento e torno a inventar futuros possíveis para nós os dois, sonho muito com encontros maravilhosos, com férias passadas a dois, com projectos dos dois em que somos os mais veementes dinamizadores…

Um rodopio imenso de imagens dele penetram na minha mente mesmo contra a minha vontade racional. Estou ansioso pelo nosso encontro de amanhã. Combinamos encontrar-nos amanhã à noite. O que acontecerá nesse encontro? Será que ele me vai dizer que não iremos ter qualquer hipótese de algum dia virmos a estar juntos? Será que me vai dizer que eu sou daquelas pessoas que ele nunca irá amar? Será que me vai dizer [como adoraria] que precisa de tempo para pensar, para perscrutar os seus sentimentos, para verificar se algo poderá crescer da parte dele? Quem me dera que ele não fechasse as portas. Quem me dera que ele pudesse pôr em aberto conhecer-me mais um pouco e ver se é possível que algo possa crescer dentro dele.

Apetecia-me estar com ele agora. Na sua cama, a dormir abraçado a ele, com as nossas pernas entrelaçadas, beijar-lhe a testa, dizer-lhe que o adoro, acariciar-lhe o cabelo loiro, apreciar os seus olhos verde-claros, cheirar a sua pele branca suave. Mas ao mesmo tempo tenho medo. Tenho medo do que ainda não sei dele. Será que ele tem algo no seu passado que possa comprometer o seu futuro, ou o nosso futuro? Será que ele fez alguma coisa que me faça ficar verdadeiramente decepcionado com ele? Que me faça perder a imagem de príncipe perfeito que tenho dele? Imagem que já foi [infelizmente] severamente abalada pela descoberta do seu petit garçon? Será que isso é somente a ponta de um icebergue de segredos, de muito maiores proporções, que não conheço, de passados que não ouso sequer imaginar, de “pecados” ou “loucuras” que não consigo conceptualizar possíveis para ele? Espero que não. Espero que tudo o que houver para descobrir sobre ele sejam lugares-comuns de comportamentos humanos… tais como os que eu tive. Sei que não sou perfeito, ninguém é, nem ele é, nem estou à espera que seja, mas sonho que possa ser o mais perfeito possível, o mais “normal” possível, sem histórias mirabolantes que me façam enjoar só de ouvir, como [infelizmente] já ouvi no passado de um rapaz com quem [infelizmente] tive um caso – aliás, para dizer a verdade: que infelizmente conheci, porque é daquelas pessoas que não valia mesmo a pena ter conhecido – mas que felizmente foi um caso não sexual – meramente “platónico” – é nestas alturas ainda penso que possa existir um [ou vários] dEUS porque, de facto, foi um acto de “divina inteligência” ou “divina clarividência” não ter tido nada com “aquela coisa balofa e suja”.

Apetece-me dizer-lhe [ao “meu” querido M.], de uma vez por todas, tudo o que me vai na alma e pedir-lhe que – ambos – possamos dar tempo ao tempo até termos a certeza que somos “feitos uma para o outro”, ou não. Em todo o caso preferia que pudesse-mos começar por uma amizade que se pudesse ir fortalecendo à medida que nos iríamos conhecendo melhor. Porque eu não posso dizer que o amo – só posso dizer que sinto uma grande atracção por ele, uma paixão intensa, um desejo de estar próximo dele – mas isso é apenas o princípio, é preciso muito mais tempo, muito mais conhecimento um do outro antes de pudermos (conscientemente) afirmar que nos amamos – a palavra “amor” sempre foi uma palavra demasiado forte para ser usada levianamente. E pode ser que não seja reciproco. Pode ser que ele nunca venha a achar-me merecedor do seu amor. Pode ser que eu não o ame assim tanto como agora parece ser possível. Nesta confusão de sentimentos e esperanças (que penso que ambos estamos a sentir neste momento), nada melhor mesmo do que dar tempo ao tempo, e ver em que é que esta história “romântica” irá desembocar (exactamente).

O momento não poderia ser mais oportuno: eu vou para minha casa, em Alpendurada, Marco de Canaveses, distrito do Porto, fustigada de chuva e ventos fortes, mas com uma casa enorme (ao contrário deste quarto claustrofóbico) com aquecimento central e muita paz, onde poderei pensar [nele! LOL] na minha vida e no que sinto; ele vai de férias para o estrangeiro onde vai poder também encontrar a paz de que precisa para pensar na sua vida [quiçá também em mim! :) ] e do pretende para o seu futuro. Tenho esperanças que este tempo, away from each other and the capital city and their problems, will provide us good benefits and a clearer view of what each of us really wants their future life to be!

I hope for a happy ending nevertheless!