terça-feira, abril 05, 2005

Tempos Confusos… Tempos Tristes… Tempos para Esquecer…

De vez em quando todos passamos por algum período da nossa vida que gostaríamos de rectificar, por vezes até de esquecer ou de passar por cima muito, muito depressa e sem olhar para trás. Tem sido assim desde sexta-feira até hoje. Nestes dias sonhei alto, martirizei-me muito, estive em agonia, com a inquietação de não saber o que esperar do futuro e das pessoas que poderiam fazer parte dele com mais intensidade – ou que pelo menos eu esperava que fizessem – e ao mesmo tempo revivi velhas e conhecidas fraquezas do meu espírito e da minha personalidade. O isolamento, a dependência do carinho e afectos dos outros, a dificuldade em gerir a vida académica independentemente da minha vida pessoal e sentimental… É o repetir de uma velha história, de velhas situações que ciclicamente voltam a acontecer na minha vida. Mais uma vez as minhas expectativas foram demasiado altas para as potencialidade que tinha. Todos os indícios estavam em cima da mesa: ter que ser sempre eu a telefonar e a enviar uma SMS para receber um resposta, sentir a necessidade da sua companhia, da sua presença, do seu sorriso, do seu olhar meigo, da sua fala assertiva, piercings super-fashion, do optimismo e energia que me cativava e que me transmitia sempre que estava com ele; e ao mesmo tempo saber que era só eu que sentia isso, não ele, tudo eram indícios de [mais] um desastre emocional anunciado.

A sexta-feira o dia não poderia ter sido melhor, cheio de actividade desde manhã cedo até bem à noitinha no aniversário da minha amiga R. Cacao; estive ocupado com lides da APAE desde as 8h00 até ao início da tarde, concentrado a falar com amigos meus da faculdade até meio da tarde, e na fantástica companhia do M. até ao início da noite. Eu e o M. encontramo-nos no Atrium Saldanha e depois fomos até ao CUP&CINO do Saldanha, de seguida fomos ao cinema no Monumental ver o Sideways – um óptimo filme para quem tiver uma vida desastrada e sem nada de positivo e que queira ver que há pessoas que passam pelo mesmo nas suas vidas como o actor principal – como seria de esperar senti-me identificadíssimo com o nível e a frequência de desastres que acontecem na vida de tal personagem, tirando o vinho que detesto! Já atrasado cheguei a casa da R. Cacao onde me esperava uma casa cheia de gente a divertir-se imenso. Acabei por comer qualquer coisa, desejar feliz aniversário e sair muito cedo dado que estava com uma directa em cima…

O Sábado foi o dia da festa de aniversário da rede ex aequo que correu imensamente bem. O jantar antecedeu a festa propriamente dita, e embora tivesse que ver pessoas que detesto (como o Th.), acabei por não ligar a tais indivíduos e concentrar-me em estar junto da V. (que também pratica Aikidô), da M. (que é uma pessoa fora de série, cheia de vitalidade e energia) e do M. (que ficou mesmo à minha frente no jantar). Antes do jantar começar decidi que era uma altura como outra qualquer para colocar as cartas todas em cima da mesa e perguntar directamente ao M. o que é que raio é que ele sentia por mim, o que é que ele queria ser em relação a mim, e se sabia o que eu sentia por ele. A resposta era a que eu esperava, embora não aquela que eu desejasse. Disse-me que era só um amigo dele – algumas pessoas devem estar a ler isto e a dizerem: «I’ve warned you about it, didn’t I?». Escusado será dizer que por dentro fiquei em cacos. Decidi no momento em que ouvia estas palavras que tinha que me isolar para pensar, para me reencontrar, para reflectir sobre o que fazer agora em que todo o investimento num sentimento ilusório foi tudo quanto eu fiz durante tanto tempo. Apercebi-me do ridículo por que passo sempre que gosto ou me afeiçoo a alguém, como ainda sou um adolescente emocionalmente falando… Patético! Mas que haveria de fazer? Esconder-me debaixo de uma rocha? Não sabia… Fui para casa depois do jantar, não porque tivesse que estudar porque não estudei nada, mas porque precisava que estar sozinho e pensar no que fazer a seguir… precisava que voltar a fundar certas crenças: como acreditar que as pessoas são inerentemente boas, que se respeitam umas às outras e que procuram a felicidade em comunhão com os outros… Acho que a maioria das pessoas quer é sexo e mais nada. Quer é dinheiro para si próprias e está-se nas tintas se há pessoas com necessidades. Quer é estar bem e quer lá saber se os outros estão bem ou se as suas acções os fazem sentir ou não bem… Tentei dormir sem grande sucesso até às cinco da manhã… depois descansei, mas foi um descanso recheado de sonhos turbulentos, de constantes acordares ao longo da manhã…

Acabei por me levantar da cama no Domingo já de tarde. Tentei telefonar ao R., ao N. e ao R.K.. Nenhum me atendeu o telemóvel! Telefonei ao A. Atendeu. Combinamos no Atrium Saldanha. Encontramo-nos, almoçamos, conversamos, desabafei o que sentia o que me aconteceu nos últimos meses. Saímos, fomos ao Palácio Sotto-Mayor (ou lá como é que isso se escreve) e às galerias comerciais. Foi a nossa primeira vez nesse espaço de Lisboa. Gostei. É calmo. Estou a pensar em repetir. Combinei entretanto com o A. que num destes sábados havemos de ir os dois ao MG para nos divertirmos, partirmos o côco a rir, e acima de tudo passarmos uma bela noite juntos, como dois amigos muito pouco sortudos quanto a relacionamentos e amores… estou a pensar em propor-lhe a formação de uma associação sem fins lucrativos com o título de «Os Encalhados». LOL Enfim, é só falar com a L. e ver se ela nos leva na Claudette para o MG – se ela quiser associar-se à nossa causa também pode desde já pagar as cotas com boleias para o MG!! Que achas moça?! :) No final da tarde, depois de uma tarde fantástica com o A. decidi visitar o R. e o N., não estavam em casa, tinham ido jantar ao Monumental, ou seja, desencontramo-nos. Fui para casa. No caminho telefonei à S. Cacao para ver se ela estava lá em casa, estava! Fui então lentamente até casa das meninas Cacao, junto ao Tejo, desde o Pavilhão Atlântico até aos jardins da Expo junto da casa delas. Olhei em redor. Estava uma noite calma, sem muitas pessoas a passear àquela hora, uma leve brisa, o rio tranquilo, sem quase ondulação, pontilhado dos reflexos das luzes à beira rio e por baixo da Ponte Vasco da Gama. Gosto de passear junto ao rio quando estou triste, gosto de estar naquele silêncio, da paz da natureza, da brisa que nos faz arrebitar e arrefecer a mente dos cenários mais sombrios e irrequietos. Actua como um ansiolítico natural… Quando cheguei a casa delas estava lá também a L. e a A. nas cantorias junto de uma consola Palystation 2 onde podem simular uma máquina de Karaoke – como sempre foi uma risota pegada!

Hoje as coisas foram de mal a pior. Voltei a adormecer tardíssimo, mesmo com um chá “Noite Calma” (LOL) e voltei a acordar tardíssimo… vontade para estudar é nula, espírito para a alegria idem aspas… fui a uma reunião da direcção da APAE e pouco mais. A crise de motivação é enorme. Acabo por desistir antes de começar. Acabo por deixar de acreditar que alguma vez conseguirei levantar-me deste estado… é impressionante.

A boa notícia é que vou no próximo fim-de-semana a casa ver os meu pais e os meus irmãos. A minha mãe vai ser operada brevemente e quero estar com ela antes da operação. Além disso quero deixar Lisboa para trás e as recordações que ultimamente estão associadas a ela. Quero afastar-me dos problemas, não para os resolver, mas para evitar sofrer com eles.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Já há algum tempo que leio o blog e acho que escreves algumas coisas interessantes. Acredito que muitas pessoas se identifiquem com certos acontecimentos da tua vida, até porque todos nós fantasiamos e colocamos expectativas muito altas em relação a pessoas de quem gostamos e que nos interessam. Estando longe de ser um expert em sentimentos ou relações pessoais, o meu conselho é estar atento às nossas próprias fabricações - muitas vezes dei conta de que as pessoas me desiludiam apenas porque as imaginava de forma diferente daquilo que realmente eram. Um abraço e ânimo, rapaz.

abril 05, 2005 7:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Aproveito a deixa do João e vou ter a audácia de opinar aqui... e porque a escrever nunca me faltam as palavras, ao contrário do q acontece no discurso directo.

Tu és uma pessoa super completa, és bonito interior e exteriormente. E só tu não te apercebes disso... no momento que tu te aperceberes disso, verás q as reacçoes das outras pessoas a ti, nem sempre têm tanto significado... muitas vezes sao reacções a tua propria auto-estima, e como tal enviesam os resultados.
Gostava de te tirar uma fotografia q te fizesse ver com os olhos q todos os outros te veem. Inexplicavelmente (pq n te conheço sequer perto de bem) tenho um grande carinho por ti e por isso n resisti a escrever-te isto... e espero q n me leves a mal.
Beijo grande para ti***

abril 16, 2005 3:08 da tarde  

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