sábado, setembro 29, 2007

Corro as persianas, e ponho as músicas que escolhi

Confuso. Acho que estás confuso. Ambíguo. Penso mesmo que foste ambíguo. Não podemos ser em sociedade nem confusos nem ambíguos. Mas no dia em que sofri a desilusão de uma impossibilidade não esperada, encontrei-me, de repente, perante dias passados de autêntica ambiguidade, e no fim de contas, todos esses avanços e recuos, falsos sinais e esperanças, não me pareceram mais do que confusão. Saber se foi deliberada, ou mais simplesmente, sinais de imaturidade, é pouco relevante depois do estrago feito. Mas o Sol, esse astro maravilhoso que nos dá a vida, levantou-se no dia seguinte como o fizera no dia anterior, e então, forçado a respirar, a andar, a viver, fui esquecendo, sarando... aos poucos naturalmente, mas fui esquecendo-te.

terça-feira, setembro 25, 2007

Pétalas a voar

É incrivelmente triste ter de passar por um baque de coração quando à nossa frente alguém extraordinário, até aí imaculado, nos diz - com um ar indefinível - já ter o seu coração entregue a outra pessoa, os seus pensamentos mais íntimos e profundos focados noutro, os seus passos depois de um dia de trabalho em direcção ao abraço fraterno de alguém que não nós próprios. É nesse momento infinitesimal que nos apercebemos da nossa fulgurante fragilidade - a nossa dependência da esperança (desesperada) de que façamos parte do pensamento contínuo de outrem. Sou dependente desse carinho que é ter um sorriso só meu nos lábios de outro, de saber-me pensado, recordado e preocupado por outrem que não deseja mais do que a reciprocidade da entrega. Hoje entreguei-me como não o fazia há muito e recebi como resposta não mais do que a impossibilidade de uma retribuição. «Depois de uma Serra, esconde-se uma Serra ainda maior», assim espero.