quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Amar alguém tão especial...

A TV ouvia-se ao longe, uma mescla de sons que pareciam vozes misturadas com música. O Manuel saía do duche, acompanhado de uma nuvem de vapor de água e um leve e saboroso aroma ao gel de banho AXE After Hours que passou a usar desde que começamos a namorar, faz hoje um mês. Tinha a toalha enrolada à volta da cinta, passava a mão pelo cabelo loiro ainda húmido e dirigiu-se ao quarto para vestir o robe. Torradas com manteiga ou queijo fresco, Cheerios ou leite achocolatado, uma peça de fruta e iogurte, sumo de laranja. Dois pratos, dois conjuntos de talheres, açúcar, guardanapos. Parecia tudo pronto para um pequeno almoço delicioso junto do rapaz que amo. O som do microondas abafava o som da televisão enquanto aquecia uma chávena de leite. O Manuel voltava do quarto já penteadinho. Tinha feito a nossa cama e aberto a janela para arejar o quarto. Um sorriso abria-se no seu rosto e uma enorme alegria invadia o meu coração. Comecei a fazer a habitual contagem decrescente mentalmente: cinco… quatro… três… dois… um… e com a sua habitual carinha de menino ternurento e mimado, ligeiramente inclinada sobre o ombro, com uma enorme intimidade, aproxima os seus lábios dos meus, e, com um sorriso delicioso, beija-me docemente. O meu coração bombeava sangue sobreaquecido por esta calorosa manifestação de carinho matinal. Os olhos azuis fitavam-me à espera de uma palavra… sussurrei-lhe ao ouvido o quanto gostava dele, o quanto o achava bonito, como a sua voz era calma e relaxante, como me cativava sempre que começava a falar dos assuntos que lhe interessavam e que lhe faziam brilhar os olhos de uma forma especial. Apertei-o contra o meu peito. Os seus cabelos suaves e profundamente perfumados pelas essências do gel de banho tocavam-me a face, o seu corpo delicado e muito branco tinha um aroma característico que aprendi a reconhecer, passei as mãos pelas suas costas, afaguei-lhe o cabelo, perdi-me novamente nos seus lábios ternos, bem definidos e ligeiramente abertos. Estávamos abraçados na cozinha, sentia o bater ritmado do seu coração. Senti-me, num ápice, emocionado com toda a felicidade que é possível sentir quando se ama e se é amado por alguém tão especial.


Todo o tempo que esperei pela pessoa certa desde que o meu ex-namorado terminou a nossa relação, todo esse tempo em que me questionei tantas vezes do porquê de ninguém se interessar por mim, todo esse tempo envolto em dúvida e sofrimento, receando a solidão, vendo outros encontrarem os seus parceiros, sorrirem, extravasarem de alegria, durante todo esse tempo estive perto de vacilar, de me entregar a qualquer um que aparecesse, estive perto de oferecer todo o meu amor e carinho acumulados à custa de tantas noites solitárias a um qualquer rapaz que aceitasse aturar-me e deitar-se comigo na mesma cama, mesmo assim aguentei, resisti, não me ofereci a um qualquer só pelos desejos carnais que todos inevitavelmente temos, nem pela necessidade também tão humana de companhia, cometi alguns erros, tentei relacionamentos impossíveis com pessoas que não me amavam e de quem eu também não tinha a certeza de poder dizer que sentia amor. Todos cometemos erros, todos somos humanos, estou de consciência tranquila na forma como me aguentei na medida do humanamente possível, estou feliz por nunca me passar pela cabeça usar outros rapazes para me sentir temporariamente eufórico com uma noite escaldante e extravagante – talvez aproveitando um período de fraqueza emocional que eles estivessem a atravessar – repugna-me esse uso abusivo dos sentimentos e carências efectivas das outras pessoas, talvez porque já sofri na pele esse abuso hediondo por parte de um “ex-namorado” que me utilizou para companhia durante duas semanas e, depois de satisfeito e bem menos carente, descartou-me como se fosse um simples objecto.


Com o Manuel tudo é diferente. A forma como nos conhecemos, a forma como durante alguns meses nos estudamos mutuamente aguentando a possibilidade de, a qualquer momento, algum de nós encontrar um parceiro, a forma como verificamos se esse tremor no peito que ambos sentíamos em segredo era mesmo alguma coisa de especial ou apenas uma atracção carnal fugaz de quem vê um rapaz belíssimo, solteiro, culto, pró-activo e interessante falar tão calmamente connosco. Partilhamos muitos medos e receios durante esse período em que esperamos (im)pacientemente para confirmarmos os nossos verdadeiros sentimentos em relação ao outro. O pânico que ambos tínhamos de que o outro não correspondesse aos nossos mais íntimos desejos e que não nos retribuísse todo o empenho emocional que tão veementemente preservamos e alimentamos durante tanto tempo. Acabamos por ultrapassar barreiras importantes com o decorrer do tempo e, naquela mágica conversa que tivemos há um mês atrás, acabamos por ficar abraçados como estávamos agora… acabei por sentir-me nesse dia emocionado, pela primeira vez, com toda a felicidade que é possível sentir quando se ama e se é amado por alguém tão especial…

2º c i c l o d e c i n e m a L G B T

18, 19 e 20 de Março 2005

Videoteca
Municipal de Lisboa
Largo do Calvário, 2 (Alcântara)
http://www.videotecalisboa.org

A rede ex aequo - associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros (LGBT) e simpatizantes irá realizar o seu 2º Ciclo de Cinema no âmbito da Semana da Juventude da Câmara Municipal de Lisboa em 2005. Este Ciclo de Cinema irá ocorrer na Videoteca Municipal de Lisboa nos dia 18, 19 e 20 de Março.


p r o g r a m a

Sexta-Feira, 18 de Março de 2005, 18h

Ma Vie en Rose (T)
Alain Berliner, 1997, 88m, Bélgica
Legendado em Inglês

A história de um menino que sabe que é uma menina. A sua tenacidade defronta-se com a confusão dos pais e com o receio da diferença por parte dos vizinhos que ostraciza a família.

Sexta-Feira, 18 de Março de 2004, 21h30

The Laramie Project (GL)
Moisés Kaufman, 2002, 97m, EUA
Sem Legendas

No Outono de 1998, Matthew Shepard, estudante universitário homossexual, foi encontrado espancado até à morte e atado a uma vedação em Laramie, Wyoming. Pouco tempo após o trágico acontecimento, Moises Kaufman, visitou Laramie tendo em vista entrevistar a comunidade local e ver como reagiram perante hediondo crime de ódio contra homossexuais.

Sábado, 19 de Março de 2005, 18h00

Defying Gravity (G)
John Keitel, 92m, 1997, EUA
Sem Legendas

Griff vive num dormitório de rapazes e tem um amigo secreto chamado Peter. Peter deseja que Griff seja honesto consigo próprio acerca da sua sexualidade e que não tenha segredos, mas este recusa. Os sentimentos de Griff são postos à prova quando Peter é atacado.

Sábado, 19 de Março de 2005, 21h30

All Over Me (L)
Alex Sichel, 1997, 90m, EUA
Sem Legendas

Claude, uma adolescente rabugenta, sente-se aprisionada por duas mulheres: a sua mãe solteira, com quem partilha um pequeno apartamento, e a sua melhor amiga Ellen, com quem partilha o sonho de fundarem uma banda de rock. Mas isso foi antes de Ellen arranjar um namorado ruim, suspeito de um assassínio. Claude apercebe-se lentamente que está apaixonada por Ellen, e certa noite decide ultrapassar as suas inibições.

Domingo, 20 de Março de 2005, 18h00

You'll Get Over It (G)
(À Cause d'Un Garçon)
Fabrice Cazeneuve, 2002, 90m, França
Com Legendas em Inglês

Vicente é um adolescente popular na escola, giro, desportivo e com uma namorada de sonho, mas todo o seu mundo se desmorona quando os colegas descobrem o seu segredo.

Domingo, 20 de Março de 2005, 21h30

Better Than Chocolate (L) (T)
Anne Wheeler, 1999, 101m, Canadá
Sem Legendas

Maggie conhece a mulher dos seus sonhos horas antes de a sua mãe Lilia e o irmão Paul mudarem-se para sua "casa". Quando os quatros acabam a partilhar o "lar", Maggie acha que deve manter a sua relação amorosa secreta mas é esse romance clandestino que inadvertidamente introduz a sua família numa séria de novas experiências, todas potencialmente melhores que chocolate.

A entrada é gratuita!

Mais informações em:
http://www.ex-aequo.web.pt/ciclo.html

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Crazy Way of Life!

Fico por vezes espantado com a falta de paciência dos cidadãos da sociedade moderna. Sempre apressados para irem para qualquer lado, seja de carro, de autocarro ou de metro, buzinam e resmungam à mínima contrariedade, ao mínimo segundo perdido irremediavelmente numa fila de transito, nas filas de pessoas à entrada do metro, quando aguardam para serem atendidas pelo garçon num café… Todo o tempo é crítico. Perde-se dinheiro quando se perde tempo. Também se perde paciência quando se perde tempo. Comem ao mesmo tempo que lêem um jornal, vêm televisão e falam ao telemóvel através de modernos auriculares com microfones à James Bond ou à sala de operações de voo da NASA. Passam umas pelas outras e, ao mesmo tempo, estão completamente alienadas da sua presença mútua. Olham fixamente um ponto misterioso e indefinido no horizonte, o seu semblante mostra as preocupações a correrem em background ao mesmo tempo que o cérebro reorganiza a agenda diária com os novos inputs devido aos imprevistos quotidianos… As pessoas correm, falam, comunicam, escrevem, lêem, viajam, cumprem as suas funções na sociedade. Cada vez mais a informação está ao alcance de todos através de novas e diferentes formas, cada vez com mais rapidez, alcance, universalidade e em maior quantidade. As pessoas podem comunicar instantaneamente com outras que se encontram nos antípodas do globo. No entanto cada vez há mais pessoas a viverem sozinhas – sacrificando os relacionamentos duradouros em detrimento de carreiras de sucesso extremamente exigentes a nível de mobilidade e tempo, muitas vezes bem remuneradas, cifrões esses que por vezes pouca companhia oferecem quando o trabalho acaba e se tem “um tempo livre” para respirar, e com essa pausa, “tempo livre” para reflectir na vida de louco que temos vivido e quão isolado nos encontramos… A reforma é um pesadelo, não uma benção. Depois desse limiar etário seguir-se-ão quantos anos de vida solitária, amargurada, saudosista e cheia de recriminações por se ter enveredado por tão demente forma de vida? É por isso que por vezes temos que dizer «BASTA» e retirarmo-nos, afastarmo-nos das fontes de stress e conflito, e meditarmos sossegadamente sobre a nossa vida, sobre o rumo que levamos, o que atingimos já, o que queremos atingir e como lá chegar com a máxima felicidade possível. Tudo isto porque aliás duvido que um qualquer indivíduo, às portas da morte, se arrependa de não ter ganho mais dinheiro, não ter alcançado mais fama, não ter comprado mais bens… penso que nessas alturas as pessoas pensam antes como poderiam ter dado e recebido mais amor, partilhado a sua vida com outros, saboreado as felicidades quotidianas nas coisas mais simples, como dar uma volta pelo parque com o Boby Cão, pensarão talvez se não seria bem melhor ter tido mais férias descansadas com a família e os filhos… No fundo, é como diz a canção: “É preciso ter calma. Não dar o corpo pela alma.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

PS ao Poder & Bredes Reformado = Muita Felicidade

É verdade! O professor execrável, horrendo, incompetente e ultra-conservador da cadeira de Mecânica dos Fluídos e Aerodinâmica I finalmente reformou-se! [Chama-se Vasco de Brederode, ou "Bredes" para os mais íntimos... LOL] Dia 17 de Fevereiro vai ser recordado como o dia de maior alegria para toda a faculdade, para todos os alunos que o aturavam e que repetidamente chumbavam de tanto “gostarem” do professor e da cadeira. Agora podemos respirar de alívio. As pessoas já não irão odiar as cadeiras mais elementares e importantes do curso por causa de um indivíduo completamente ultrapassado pela modernidade e que teimosamente se agarrava ao passado numa devoção saudosista que roçava o limiar da cegueira… Agora só quero época extraordinária a MFL e fazer Aerodinâmica.

Com a subida do PS ao poder fico mais descansado. Pelo menos livramo-nos dos desvaires fascistas do PSD coligado com o PP e de certas figuras putrefactas como o Sr. Menezes. Esse homem e muitos outros da direita portuguesa são profundamente homófobos e preconceituosos, ignoram as investigações científicas nos campos da psicologia, psiquiatria, sociologia, antropologia, pediatria, genética, ciências biológicas, medicina… escondem-se atrás de construções sociais empíricas muitas vezes carregadas de um profundo bafo nauseabundo a moralidade religiosa, ignorando as verdadeiras características que fizeram da Europa ocidental um viveiro cultural e científico a nível mundial, como sejam, o racionalismo, a lógica, moralidade laica, cientificidade, experimentalismo, etc. Estava farto de não me sentir português. Estava farto de me sentir desajustado em relação a uma classe política neo-fascista com novos alvos a atacar: as minorias sociais. Chegam até a atacar uma maioria: as mulheres, numa vergonha chamada «penalização do aborto» que agora até é internacional. Enfim, melhores tempos virão para os direitos humanos, espero!

Porque é que eu não acho a actual discussão ideológica da economia minimamente importante? Se me perguntarem: «preferes viver em muito boas condições económicas mas sem nenhuns direitos humanos fundamentais, num país profundamente homófobo e fascista» ou «preferes viver com mais dificuldades económicas mas livre, com direitos e deveres iguais aos teus pares, as mesmas oportunidades, com a felicidade ao teu alcance»? Preferiria a segunda opção. Porque nós, homossexuais, não temos opção quanto à nossa orientação sexual. Resta-nos viver dignamente em sociedade, se esta nos deixar…

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Not So Bored!

O N. disse-me que gostava de participar no Projecto Educação da rede ex aequo. Fiquei contente. Ele sabe, como eu, a importância que tem este projecto para o combate ao preconceito, à ignorância, à homofobia e construções sociais erróneas sobre a sexualidade humana, nomeadamente, quanto à orientação sexual. Eu penso que ele dava um jeitão descomunal. Com formação sólida em genética e ciências biológicas poderia dar um contributo inestimável para contrariar certas tendências actuais da argumentação homófoba, acrescentando mais cientificidade e rigor à argumentação laica, racionalista e despreconceituosa dos movimentos de defesa dos direitos da população homossexual e bissexual. Estou muito contente com esta reacção dele, confesso que não estava nada à espera. Agora só falta ele fazer um texto sobre a “genética gay” para o manual de formação da rede ex aequo. :) Agora que ele está de férias se calhar… [mensagem subliminar para ti N. lol].

Bored!

Estou chateado com as coisas da associação, que raio de palhaçada mais chata. O que mais me chateia é que não sei nada sobre o que se passa sobre assuntos que tenho que “financiar” e assumir responsabilidades. Mete-me confusão a falta de informação. Talvez seja eu… ou talvez sejamos todos [que não funcionamos bem].

CUP&CINO till 2h00 am

Apetece-me chorar. Parece impossível, diametralmente o oposto ao que acabei de viver, em desacordo com a noite magnífica que aparentemente tive. Que se passa (ou passou) para estar assim? Será que é porque não tomei a medicação quando devia? A primeira coisa que fiz mal cheguei a casa foi tomar o antidepressivo. No fundo sei exactamente o que se passou…

Antes da aulinha de Aikido, ainda nos vestiários, o S. perguntou ao N., que estava ao meu lado, se estaria disposto a ir ao cinema com ele amanhã. Depois de se “aperceber” que eu estava lá, que era impossível não ter ouvido, corrigiu imediatamente para um providencial “convidar-vos”. Bom grado a correcção, chegou no entanto demasiado tarde para evitar que ficasse profundamente triste – pensamento imediato: “Ter-se-á esquecido que existo? Será mais íntimo do N. do que de mim? Acha a companhia do N. mais agradável do que a minha? Terá feito de propósito para eu perceber que sou uma companhia secundária? Será que tentou mostrar compaixão à última da hora?” – pensamento imediatamente a seguir: “É a minha imaginação… esquece… Ele no fundo estava só meio atrapalhado e não me está a preterir em relação ao N. Foi só uma infeliz conjugação verbal.”. O que é um facto indesmentível foi que me perturbou e afectou para o resto do dia. Ultimamente tenho achado a conduta do S. e do J. um pouco (para ser brando) estranha, pelo que restrinjo o contacto com eles ao máximo para evitar males maiores para a mim mesmo – já basta a debilitação da depressão para lhe ter que juntar uns pozinhos de “acontecimentos de vida” perturbadores em promoção especial ou mesmo grátis…

A noite começou semi bem. Confirmei a minha impressão de que o A. não me compreende muito bem. É triste porque quero mesmo ser amigo dele, gostaria de sentir que ele também quereria ser meu amigo, e que estaria disposto a partilhar a sua amizade comigo. Apesar de lhe ter telefonado a perguntar se estava em Lisboa (porque cheguei ontem) ele simplesmente não se “lembrou” que eu estava em Lisboa quando, de surpresa, chegou hoje à capital ao final da tarde. Tudo bem – acontecimento esquecido. Tentei explicar porque é que ele pode “confiar” em mim, porque é que as minhas reacções anteriores foram “aparentemente” desconcertantes, excessivas ou desajustadas, tentei explicar que todas elas fazem parte de uma pessoa que está a atravessar uma fase depressiva grave: penso que a mensagem não chegou ao destino; ouviu mas não escutou, absorveu a informação mas não a compreendeu – é natural, todos os manuais que tratam do tema da depressão dizem que é extremamente difícil explicar a uma pessoa que não tenha sofrido de depressão o que é uma depressão e o que isso acarreta para o depressivo e para os que com ele contactam mais de perto. O A. conheceu-me no Alkimia, talvez em Outubro ou Novembro, na minha pior fase depressiva de sempre. Nesse dia (lembro-me perfeitamente do dia, da mesa, onde estava sentado, onde é que ele estava sentado, como me sentia e como o desprezei completamente) achei-o verdadeiramente irritante, incómodo e inconveniente com toda a sua aura de felicidade descartável, riso contagiante (menos para mim – um depressivo quando começa a rir é porque está na fase de recuperação ou controlado pela medicação e psicoterapia), teimosia em querer saber tudo sobre toda a gente e não dizer nada sobre ele próprio, descaramento de querer forçosamente conhecer pessoas desconhecidas através de um processo pouco discreto de lhes perguntar na cara quem são!

O que aconteceu hoje foi que o A. convidou () o N. para ir jantar com ele. Adiante, de facto passei por cima disto, e lá fui até ao CUP&CINO encontrar-me com o N. e com o A. que foram lá jantar. A conversa estendeu-se pela noite dentro sobre – claro está – sexo e gayjos! Fartei-me de rir e de micar gajos giros que por lá passavam… sempre com o apoio incondicional do N. e do A. com os quais (obviamente) dava os meus bitaites em relação aos nacos que passavam. Coisas de gays… esqueçam se não percebem! :P

A certa altura recebi duas mensagens extremamente inconvenientes dos meus colegas da associação a “exigirem-me” que faça uma série de coisas para ontem. Já chega o stress que me tem ocupado a mente e o espírito durante toda a época de exame e o sentimento de culpa por não ter feito quase nada. Já chega o sentimento de baixa auto-confiança que tenho. Já chega o medo aterrorizante de começar a fazer seja o que for, de tomar decisões importantes, de cumprir obrigações impostas pelo exterior ou por mim próprio. Quanto mais me pressionam mais dificuldade tenho em reagir e em executar aquilo que pretendem. Se pelo contrário me ajudarem a começar sou muito mais eficaz e consigo fazer as coisas como devem ser feitas e muitas vezes superar as expectativas. Mas nem todos sabem gestão, nem todos sabem que «o sucesso é aquilo que se faz com as pessoas, e não aquilo que se faz às pessoas». Enfim, amanhã lá terei que tratar destas tretas chatérrimas… seca descomunal…

No final da noite, quando já nos tínhamos levantado para pagarmos, o A. descobre no seu bolso do casaco um papel de um “apaixonado” que lhe dizia mais ou menos isto (não fiquei com o papel e não me lembro exactamente o que estava escrito):

«O teu olhar tocou-me.

Chamo-me P., o rapaz de camisola castanha.

Telefona-me: 9XXXXXXXX»


Lição a tirar: temos que ir mais vezes ao CUP&CINO!!! LOL Pode ser que eles apareçam mais vezes. ;) E pode ser que da próxima vez descubramos quem é o raio do rapaz de “camisola castanha” – sinceramente não faço a mínima ideia de quem seja, embora gostasse que fosse o que tinha a camisola 22 (porque fartei-me de trocar olhares com esse rapaz giríssimo, embora não tenha camisola castanha...). “Pois, pois… vai sonhando vai, porque a mensagem nem sequer era para ti” – diz o diabinho sentado no meu ombro esquerdo. Enfim, tenho que fazer pela vida e, à falta de melhor, mais vale sonhar do que viver sem sonhos nem ilusões reconfortantes e gratificantes, para o ego e auto-estima, como ser alvo de um bilhete de um rapaz todo giro e bom que gostou dos meus olhares (in)discretos… :D

Apanhei o taxi para casa. Estava muito mal disposto. Apetecia-me desatar a chorar. Ao mesmo tempo planeava o meu dia de amanhã para fazer tudo o que tenho que fazer e sair no final do dia mais equilibrado. Um coisa é verdade e que por coincidência li hoje no livro “A Psicologia da Depressão” que ando a ler: muitas vezes pormenores insignificantes ou que nos passam despercebidos são factores precipitantes de um humor depressivo passageiro, muitas vezes nem sequer temos consciência de qual foi realmente o elemento ou situação em causa que originou a reacção depressiva, por vezes passa-se ao nível do inconsciente, outras vezes é marcadamente evidente e claro, noutras os factores possíveis são em tal número que é impossível destrinçar entre os que podem ter tido influência no estado de humor depressivo dos que não, para já não falarmos da escala de importância ou relevância de entre os que podem. A mente humana é extremamente complexa e nada é simples quando lidamos com as partidas que ela nos prega. Hoje, uma noite divertida, farto de rir e apreciar rapazes jeitosos (e outros menos), conversando com os meus dois amigos N. e A. e no final da noite sentir-me tão inútil, desinteressante e medíocre. Ora vejam lá ao que se chega. Confesso que às vezes me surpreendo a mim próprio. “E esta hem?

domingo, fevereiro 06, 2005

Why Can’t I Let Him Go?! :(

Let’s face it! I’m losing it! I’m losing my mind for a guy that gives a shit if I’m dead or alive. Sometimes in the beginning of the night, when the Sun rests from a long day, and the night obscurity, the Moon and all the stars come to replace it’s job, I wonder in my own thoughts lying on my backs on top of my bed… in those moments my mind play tricks with me and goes back to Him. I remember Him once more. I dream awake with our beloved day life that has never existed and probably will never see daylight, and I wonder: “That sure should be something I wouldn’t miss for anything in this world”. Once more I understand that all that is pure fantasy. I dream and love no more than an illusion, no more than a phantom, a spectrum that just lives in my head and not in the real world. Life sucks sometimes. Days pass when I don’t think at Him a single time. Others come where my mind reckless stupidity cross the field of truth to the most desired ‘what-if’ world of all possibilities and love… and there it endures…

Most recently I thought (in pure delirium) that He desired, even if just for some tiny little moment of his life, to hug me tight in his arms… Oh God, how pathetic I can become sometimes. He would rather die to hug me. “You don’t have what it gets.” He told me one time. It’s absolutely true. I don’t have the gift of let him go and be happy.

PA I – The Return of The Project

É verdade… quando pensava que estava acabado com os exames e com as chatices escolares até ao próximo semestre tive a agradável surpresa que poderia (re)começar o projecto de PA1. Ena… que bom, mais umas semanas em Lisboa e mais trabalhinho para fazer até ao próximo semestre! Enfim. Dois livrinhos para ler, um teste para fazer… e um projecto para terminar. Espero poder fazer isto. Tenho que fazer isto. Tenho que provar a mim próprio e aos meus colegas de grupo que sou capaz de fazer isto, de ser um elemento pró-activo e útil no projecto. Afinal o WIG vai voar! :)

sábado, fevereiro 05, 2005

A First Step Towards a Better Future

Àquelas horas da noite já quase ninguém deambulava pelas estradas de Lisboa, os taxistas faziam-na uma pista de Fórmula 1 na ânsia de entregarem os seus clientes rapidamente para rentabilizar as horas nocturnas em que trabalham, os jovens rumavam ao Bairro alegres, barulhentos, divertidos, outros talvez já um pouco tocados, os últimos carros palmilhavam o asfalto em busca da sua casa para um merecido descanso. Todos com um destino, com um objectivo, e apesar de todo o meu frio racionalismo sentia-me perdido, caminhava em frente, para algures, numa direcção indefinida, já sem saber o porquê de estar na rua a tais horas. Passava diante de prédios corriqueiros, monumentos nacionais, jardins, sem-abrigos e no entanto nada me inquietava o coração, nenhuma obra ou ser poderia perturbar a minha indiferença ao exterior a mim próprio. Com a minha imaginação a correr a toda a capacidade do meu cérebro inventava e reinventava constantemente os meus sonhos e o futuro que lá se encontra aprisionado… sem sair para a realidade e tornar-se parte de mim.

Vermelho para os piões. Nenhum carro se aproximava no horizonte observável. Esperava. Tenho que reagir, tenho que acreditar em mim, não posso desistir nunca, tenho que lutar… mas e as forças para isso? Onde estão? Onde está a motivação para traçar um plano e cumpri-lo? Como ter esperanças quando a minha história recente estás cheia de fracassos repetidos até à exaustão? No meio deste pântano fedorento em que se enterrou a minha vida tenho que encontrar recursos para renascer… o pior é que não encontro muitos. Os amigos são essenciais mas penso que a certa altura começo a abusar da sorte e a exigir-lhes mais do que eles me podem ou estão dispostos a dar. Não gosto de por as pessoas na situação de me terem que dizer que têm que se afastar… Prefiro afastar-me eu antes que elas digam tal coisa. E no entanto tenho tido grandes alegrias recentemente com certas pessoas que acreditam mais em mim do que eu mesmo, algo que me enche por vezes de esperança e alegria mas que não impede que de vez em quando me vá abaixo de uma forma catastrófica. Preciso de algo que me faça renascer o espírito aventureiro e vencedor, que me faça avançar finalmente… Sinal verde. Avancei. Mas não cheguei longe, só ao outro lado da estrada. Uma caminhada de mil quilómetros começa sempre por um pequeno primeiro passo. Espero ter dado esse passo…

quinta-feira, fevereiro 03, 2005

Recta Final dos Exames!

Nunca mais é Sábado!” é a frase que mais vezes me passa pela cabeça. Sábado acabam os meus exames e entro em “férias” – porque na realidade, tenho uns planos pessoais para me, digamos, cultivar, durante as mini férias entre semestres. Para o próximo semestre, se tudo correr como planeio, terei seis cadeiras para fazer. Puxadas ainda por cima mas tem que ser, a visão do final do curso avoluma-se nos meus pensamentos e voltei a sonhar com Marte outra vez. Voltei a ficar siderado com as notícias espaciais e tecnológicas das áreas que mais gosto, voltei a olhar para o futuro sabendo já o que gostaria de fazer e como chegar lá. Tenho andado a sonhar acordado, no meu mundo paralelo à realidade diária, sobre os [meus] planos fantásticos do futuro. Embora seja sempre bom sonhar, sonhar de mais e não pôr os pés no chão por vezes é perigoso… e eu tenho a tendência para isso! O que vale é que tenho amigos que me puxam para a Terra. Thanks to all of them by the way! No entanto tenho uma folga de quarto cadeiras que posso fazer em Setembro pelo que estou mais animado, mesmo com o descalabro deste semestre, pois pelo menos vou poder recuperar algumas cadeiras perdidas e acabar o curso para o ano que vem… Daí a minha preocupação com o TFC: queria ver se fazia alguma coisa de jeito.

Os planos para este fim-de-semana são muitos, já que acabo os meus exames vou-me encher de prendas. LOL Estava a pensar ir ao cinema – ainda tenho que ver o que está na berra nestes dias… Gostava de ir ao teatro, parece que agora está na moda as bichas irem todas ao teatro e vangloriarem-se disso por isso tenho que me manter a par dos avanços sociais nesta área – também tenho que ver quais as peças com os ga[y]jos mais giros… LOL Gostava ainda de comprar uns livros muito interessantes [mas caros :( ]. Dois deles são o “Introduction to Flight” e o “Compressible Fluid Mechanics”, ambos do Andersen; outro é o “Fluid Mechanics” do White, 5ª edição. Se comprasse estes livrinhos já ficava contente [e teso – no mau sentido…]. Tenho ainda que ir falar com o meu professor de propulsão por causa do meu TFC. Gostava de saber a opinião dele e fazer uma "análise do mercado" da propulsão na Europa para ver se dava para fazer algo com ligação à indústria (embora não seja fácil), nem que fosse no ramo militar [quem é contra as despesas militares, ou é um fundamentalista do pacifismo absoluto, é melhor ignorar esta parte]. Bem, acho que já chega de planos para o fim-de-semana e próxima semana. Além do mais tenho que voltar a pôr os pés no Aikidô que já não vou lá há algumas semanas com esta febre dos exames. Depois da tempestade vem a bonança e vem também uma viagem que [EU] vou fazer no fim-de-semana de 11 e 12 de Fevereiro, algures por Portugal, organizado pela minha madrinha que é a nossa “agente de viagens” familiar. LOL ;)