segunda-feira, maio 30, 2005

“Novo PC”… e revelações interessantes

Estive este fim-de-semana a formatar o computador e a reinstalar uma série de programas, alguns velhos, outros novos. Um novo programa que estou a utilizar é o Mozilla Thunderbird que substitui agora Microsoft Outlook. Estive a uma noite inteira a fazer isso… nunca pensei que demorasse tanto tempo, mas entre gravar CDs de backup dos meus ficheiros pessoais, formatar e reinstalar novamente uma série de programas… ainda levou umas horitas! :(

Entretanto e com “novo PC” comecei a trabalhar nos meus projectos e estou mais animado… parece que este trabalho todo pelo menos serviu para eu me recuperar da desilusão de quinta-feira. Penso que o que tenho que fazer agora é concentrar-me em ser amigo do M. e reprimir alguns dos meu sentimentos mais fortes em relação a ele…

Como as novidades aparecem todos os dias hoje não foi excepção. Descobri (pelo menos estou na fase de ter quase a certeza…) que um dos meus colegas de curso afinal também é gay! Já tinha desconfiado, mas agora tenho quase a certeza… Vi-o com um “amigo” hoje na faculdade, e penso que ele já deve estar “unavailable”… Pena… Era loiro, olhos azuis… yep, exactamente como eu gosto! LOL Ainda esta semana devo ter a certeza… I hope!

No entanto comecei a conhecer outro rapaz que me surpreendeu pela positiva. Vai ser um bom amigo com certeza! :)

quinta-feira, maio 26, 2005

Rejeição...

Hoje é um dia para esquecer... confirmaram-se as minhas piores "suspeitas".

Ele não quer ser mais do que meu amigo.

Porquê?

Serei assim tão má pessoa?

Serei assim tão desinteressante?

... por mais voltas que dê à cabeça não percebo ...

Apaixonado e não correspondido...

Nem mais... Quando menos se espera lá aparece aquela pessoa fantástica que estávamos à espera há séculos... Ficamos pasmados com essa pessoa, e ainda mais pasmados com os nossos sentimentos. Eu pelo menos fico eufórico, cheio de energia, de motivação, de vontade de ajudar as outras pessoas, de ser simpático, de sorrir para as pessoas que passam por mim na rua, de estudar e, acima de tudo, de partilhar a minha vida com essa pessoa há tanto "prometida" e que agora "chegou"... Aconteceu-me recentemente apaixonar-me por um rapaz muito interessante, culto, educado, empenhado, responsável, dedicado, sensível, que pensa "out of the box" e que não tem medo de mostrar as suas opiniões, que se interessa por muitas coisas às quais também dou importância; e como "cereja em cima do bolo" tem olhos verde claros, é loiro e tem um sorriso que irradia uma sensação de bem-estar e serenidade. Infelizmente os sentimentos não eram recíprocos. Para ele era apenas mais um... amigo. Para ele a minha presença não era sequer muito valorizada, apenas estava lá e servia para ele se distrair com conversas interessantes; o seu coração estava noutro lado, ou talvez em lado nenhum, mas definitivamente não repousava em mim. Por mais que sejamos fortes, por mais que sejamos conscientes do que é que somos, por mais que tenhamos uma auto-confiança e auto-estima elevadas, as repetidas recusas fazem moça na nossa mente, na nossa alma, na capacidade de vermo-nos a nós prórpios com um olhar imparcial... o negativismo e o pessimismo sobre nós próprios, sobre as nossas características cognitivas e sobre o nosso próprio corpo começa a esmorecer... começamos a achar-nos feios, irrelevantes, inúteis, desinteressantes, complicados, old-fashion, não-sensuais... é um pensamento em ciclo infinito e que se auto-alimenta de pessimismo e do reforço negativo que as outras pessoas nos dão sobre nós próprios, em suma, a nossa auto-imagem vem francamente abalada nisto tudo e segue-se o sofrimento, a solidão, os olhos baixos... Tornamo-nos tristes, sim, sem dúvida, ficamos menos interessantes até devido a esta auto-imagem negativa. Fui de facto recusado e muitas vezes até desprezado, mas em todo o caso, amanhã, irei tirar a "prova dos nove" em relação ao rapaz de que falo, irei ver se os sentimentos dele em relação a mim se alteraram ou se continuam como até agora... nulos!

terça-feira, maio 24, 2005

Formação Projecto Educação LGBT - Porto 2005

Fiquei no apartamento do meu irmão no Porto durante o fim-de-semana para dar formação do Projecto Educação LGBT da rede ex aequo. Mais uma formação, mais algumas caras novas para conhecer, outras nem por isso… encontrei-me com alguns dos meus amigos do Porto e no cômputo geral diverti-me!

O que mais me admirou foi descobrir que um dos formandos era do meu curso!!! A probabilidade de isso acontecer era por si só baixíssima mas ainda para mais numa formação no Porto, nem queria acreditar! LOL

Nos próximos tempos não deverá haver mais formações para o Projecto Educação nem para as coordenações dos grupos locais pelo que me parece que isso vai tornar a minha vida a partir de agora mais… soft e mais livre para o meu grande medo: os exames!! :(

Foi um fim-de-semana diferente aquele que passei no Porto e já estou de volta a Lisboa. Muito trabalho e muitas preocupações estúpidas aguardam-me, mas tenho que ser forte para ultrapassar tudo isto.

Agora só espero que as escolas nos contactem para que possamos dar o nosso contributo aos jovens LGBT e também heterossexuais no que concerne à educação sexual que infelizmente não têm, e que tanta falta faz: para isso basta olhar para os níveis de infecção com HIV para vermos o quão “pré-históricos” somos nesta área! Mais uma vez, e até nisto, estamos atrás de Espanha!

Irrita-me no entanto o constante fogo contra a educação sexual por parte dos pais! Sendo os pais cada vez mais distantes dos seus filhos, sendo os pais cada vez mais ausentes do dia a dia dos seus filhos, querendo os pais que a escola faça em muitos aspectos trabalhos que deveriam ser deles, sendo cada vez mais os pais que “despejam” os filhos na escola para depois virem “levanta-los” comodamente ao final do dia, só para de imediato mete-los num clube desportivo ou cultural qualquer, que pagam a peso de ouro, para que não os tenham que aturar, sendo os pais ignorantes quanto às mais básicas questões da sexualidade humana e, muitas vezes, na melhor das hipóteses, dando má formação aos seus filhos… – ainda assim querem ser eles a dar uma formação para a qual não têm qualquer habilitação, formação esta que é simplesmente a perpetuação de práticas erradas, preconceituosas e que muitas vezes põe em causa a vida saudável dos seus filhos, nesta era da SIDA. Nesta situação tem que ser o Ministério da Educação a bater o pé e a “informar”, “educar” e “formar” os jovens numa área crítica para a sua felicidade.

sexta-feira, maio 20, 2005

Amores e Desamores…

Não sei o que se passa com as pessoas neste mês de Maio mas parece que decidiram todos que é um mês bestial para acabarem a sua relação amorosa e noutras situações para recomeçarem uma relação aparentemente moribunda… Tenho feito a minha parte no que respeita a apoiar os meus amigos que acabaram as suas relações, ouvindo mais do que “aconselhando” dado que não posso sentir o que sentem, não conheço os respectivos parceiros ou parceiras, não sei que “história de vida” têm e, logo, quais as suas capacidades de reacção perante situações adversas. Em todas as situações a sensação de solidão, vazio, significado de viver, histórias e sonhos de casal destruídos e a sensação de segurança que tinham deixou simplesmente de existir. Olhos vazios, corações despedaçados, sonhos desfeitos, realidades de repente cruas e duras visíveis à luz do dia… a paixão imortal, o amor eterno, a vida conjunta para o resto dos seus dias… heterossexuais e homossexuais, todos sofrem e padecem dos males do coração da mesma forma, com a mesma humanidade e, de repente sinto o que há muito sabia, que homossexualidade = heterossexualidade = bissexualidade = AMOR, e nada mais do que isso. Impressionante… que quer seja “ele” ou “ela”, a diferença das reacções, do desespero, da falta de concentração e a falta de motivação para “simplesmente” (porque é tudo menos simples) “viver” o quotidiano “como era dantes”, tem a mesma expressão em ambas as situações.

Neste momento só lhes posso mesmo dar esperanças de que é possível viver sem alguém ao nosso lado. É fácil? Não! Nem por sombras. Faço-o contudo desde há 1 ano e 3 meses e estou a aguentar. Há crises. Há desesperos. Há por vezes pânico, pessimismo, desesperança, apatia… A tentação de desistir aos nossos próprios valores morais e éticos é forte. O pensamento sombrio da morte também vagueia errante pelas estradas sinuosas e obscuras de uma mente abandonada pelo coração, pelo amor e pela esperança de sermos algum dia felizes… Mas aqui estou eu. Sobrevivi a todas as privações e tentações, prossegui (com algumas quedas… pedagógicas) a minha vida, estou, a cada dia que passa, mais equilibrado e certo do que quero, os cenários negros do futuro foram substituídos por outros mais simpáticos… Afinal começo a ver a luz ao fundo do túnel e sou suficientemente forte para enfrentar as adversidades com serenidade e sentido de rectidão e princípios éticos e morais laicos. Tal com no Star Wars, e como diz o meu maior mentor, Master Yoda, “Fear is a path to the Dark Side…”, “Fear leads to anger, anger leads to hate, hate leads to suffering…”. Não devemos ter medo de perder quem amamos, medo de estarmos “sozinhos”, medo de um futuro “solitário”… porque além de esta linha de pensamento e de sentimentos levar inevitavelmente ao sofrimento, na maior parte das vezes ninguém é insubstituível e a solidão é mais psicológica do que real. Eu neste momento estou bastante bem como estou: sem um namorado. Tenho projectos e responsabilidades, tanto pessoais como profissionais e, como diria Master Yoda,Things are in motion…”, é pois uma questão de tempo para que um a seguir ao outro se venham a concretizar. Lets time do its job then!

terça-feira, maio 17, 2005

Fim-de-Semana!

O fim-de-semana correu mais ou menos… Estou numa ambivalência terrível com os meus pais. Por um lado adoro ir a casa e receber os mimos parentais tão desejados, por outro é normal que me perguntem “como é que está o curso”! :( E nessa altura eu vou-me logo abaixo! Não consigo explicar aos meus pais como é que me sinto e que isso impossibilita a minha vida académica efectiva e completa. Sinto-me culpado por não fazer mais pelo curso, sei que sou melhor do que isto e que posso fazer mais e muito melhor, mas sinto-me amordaçado por milhões de pensamentos e o meu cérebro é como uma máquina de fazer sonhos que nunca se concretizam… muitas vezes penso que deveria ter sido um escritor de histórias fantásticas, pelo menos esta “imaginação esquizofrénica” serviria para alguma coisa. Entreguei à minha mãe a minha prenda do “Dia da Mãe” – muito atrasada mas o que conta é a intenção! Ela gostou e levou logo para o quarto para ir lendo antes de se deitar. Tenho impressão que este livro a vai ajudar muito a livrar-se de mais alguns “macaquinhos na cabeça”… O que não contribuiu para a minha estratégia pedagógica da minha mãe foi ela ter visto “acidentalmente” o “Queer as Folk” na :2 comigo! Digamos que não é propriamente uma série “leve” ou “pastilha elástica”, é preciso saber do que se trata senão fica-se com a ideia de que todos os homossexuais têm comportamentos daquele género! Não consigo deixar de rir quando, depois da série ter acabado, ao telefone com o Ang3LuZ, ele me ter perguntado (um tanto ao quanto surpreso) «Mas isto passou em horário nobre em Inglaterra?!» ao qual respondi «Sim. E já deves perceber porque é que foi um “escândalo nacional”!». De facto é preciso filtrar a informação, e pode muito bem acontecer que os nossos delatores nos acusem de actos “imorais” e de “sodomia” baseados nas cenas “chocantes” desta série britânica! O que não podemos ignorar é que de facto algumas destas situações acontecem na realidade, embora não sejam, nem de perto, nem de longe, representativas da maioria dos homossexuais. De todos os homossexuais que conheço, tanto rapazes como raparigas, aqueles e aquelas que levam vidas mais “excêntricas” são menos de cinco… Enfim, mais um fim-de-semana passado, com alguma agonia, mas já estou de volta a Lisboa outra vez!

quarta-feira, maio 04, 2005

"Alexandre, O Grande" vs. "Tróia"

Hoje, na sala de estudo de química, estava muito bem a estudar Estabilidade de Voo, quando quatro bacanos da mesa em frente começaram numa conversa interessante. Estavam a falar sobre Alexandre, O Grande, e o facto de ele ser “paneleiro”! Outro começou a dizer que na verdade ele não era “paneleiro” mas sim “bi”. Outro ainda acrescentou que “na altura” era “costume” as pessoas serem “bi”! Outro, de seguida refere que até Aquiles tinha o seu próprio “gajo”, mas que no filme Tróia “não havia necessidade” de incluir “isso” pelo que se preferiu não o mostrar. Além do mais, como ainda um deles acrescentou como remate final, se dissessem ao Brad Pitt que ele tinha um “gajo” ele passava-se! Depois, de estar a ouvir estas maravilhas da ignorância humana decidi intervir, mais para me divertir e ensinar alguma coisa aos pobres coitados, do que propriamente como uma reprimenda – embora não lhes fizesse mal nenhum. Assim foi! Cheguei ao lado dos heterochungas e disse: “Olá! A vossa conversa está a incomodar-me.” Ao que um respondeu imediatamente: “Desculpa. Tens razão…”. Mas antes que ele se enterrasse mais, dado que pensava que estava a falar porque o tema “homossexualidade” me era incómodo (!), continuei a falar cortando-lhe a palavra: “Sei que não tiveram Educação Sexual na escola, mas se tiverem alguma dúvida sobre homossexualidade ou bissexualidade podem perguntar-me. Se quiserem até posso deixar-vos ficar aqui este livro para que se esclareçam.” Mostrei-lhes um livro que comprei à pouco tempo como prenda do dia da mãe, que irei oferecer à minha mãe quando for a casa mas que por agora estou eu a lê-lo; o título é «Será uma Opção?», e o subtítulo é «Tudo o que sempre quis saber sobre a homossexualidade», do autor Eric Marcus, e cuja editora é «Sinais de Fogo». Ficaram de repente calados e com aquele ar de quem acaba de se enterrar na própria merda até ao pescoço. Agradeci, levei de volta o livro e fui para o meu lugar estudar! Até ao final do estudo deles, eles próprios ficaram muito mais concentrados, e nunca mais conversaram sobre mais nada a não ser o próprio estudo! Enfim… não resisti! ;)

Missão Cumprida… mais ou menos…

Pois é… o EMEAC’05 já foi, acabou, estou de férias! :) Foram duas semanas de trabalho intenso mas que no fim de contas até valeram a pena. Nada mais do que 39 caramelos estrangeiros a morem-nos o juízo, com as perguntas chatas de sempre e nós, se já não tínhamos trabalho suficiente tivemos que estar a fazer de baby-sitter aos meninos e meninas… No meio daquela gente toda só se destacava um rapaz realmente giro… um holandês com ascendência croata de nome Ivor van Dartel! ;) Estava no ponto, tal e qual eu aprecio, cabelo clarinho, cara branca, olhos claros, lábios alucinantemente sensuais que me captaram a atenção logo da primeira vez que o vi! Enfim… mais um heterossexual para a minha lista de gajos giros… Gezzzzz

As histórias desta confusão toda são tantas que daria com certeza para escrever uns vinte posts seguidos mas como devem já ter reparado tempo não me sobra e, honestamente, nem paciência para grandes descrições. Digamos que o congresso teve os seus momentos engraçados outros dramáticos, momentos que adorei e outros que espero não voltar a passar por eles tão cedo. Como seria de esperar de mim, fiz um coming out público no congresso, quando inquiri um congressista de Milano sobre como era a “gay nightlife” em Milão. O próximo congresso, desta vez um ‘AMEAC’, vai ser em Milão (ganharam os votos da maioria; estavam a concorrer com Varsóvia para a organização do próximo congresso), e eu preciso de algum insight em relação ao que se passa em Milão no que respeita à vida LGBT e nada melhor do que fazer essa pergunta no congresso! Muito apoiado pelo meu presidente N. – que estava a pedir-me a certa altura para fazer essa pergunta para ver a reacção dos indivíduos – lá coloquei a questão, que teve como reacção alguma erupção cutânea no indivíduo de Milão dado que ficou vermelho que nem um tomate maduro! Disse-me que não estava dentro do assunto mas que o Filippo era capaz de saber! A risada foi geral de todos olharam para o Filippo que disse de imediato que não sabia de nada! LOL A partir dessa altura muito mais pessoas vieram ter comigo e as conversas que tive com eles foram muito mais interessantes e próximas! Mais uma razão para não termos vergonhas de sermos quem somos! ;) Afinal se cada homossexual em Portugal explicar o que é a homossexualidade a pelo menos 10 pessoas – e não me venham dizer que é difícil – então toda a população portuguesa seria esclarecida, haveria menos homofobia e mais igualdade entre todos os portugueses.