terça-feira, novembro 30, 2004

Wonderful Saturday…

O último sábado foi particularmente longo… de manhã estive a dormir até tarde – as usual – infelizmente! Apanhei então a boleia da R. para ir para o CCGLL onde iria decorrer a Assembleia Geral Eleitoral da associação rede ex aequo, passamos pela Staples Office Centre para tirar umas fotocópias de uns documentos para a AG e lá fomos, atrasadíssimos – diga-se. Chegamos os dois lá 45 minutos atrasados (e esganados de fome), que estava já cheia de gente, com o pessoal do Porto em peso, mas também de outros grupos locais. Fui comprar uns croissants mistos e dois Compal’s de pêssego, para mim e para a R., mesmo só para enganar o estômago, dado que nem eu nem a R. tivemos tempo para almoçar…

A AG lá correu como sempre… com assuntos que não interessavam a ninguém a arrastarem-se interminavelmente intervenção após intervenção… mas no fim tudo se resolveu pelo melhor! O resto são assuntos internos da associação, e se os quiserem saber, têm bom remédio: façam-se sócios e apareçam numa AG. lol

Como tinha o jantar de aniversário do A. nesse dia à noite, e tínhamos combinado o encontro no “Il Café di Roma” do Rato pelas 20h30, tive que sair mais cedo, mas como estava com medo que tivesse que esperar muito pelo Metro saí cedíssimo, conclusão: uma valente seca de meia hora até às 20h30! LOL Mars_Crazy at his best! Quando começava a ter dúvidas existenciais se onde estava era mesmo o "Il Café di Roma" correcto lá começa a chegar pessoal… pouco depois chega o aniversariante. Ufa! Estivemos então numa agradável cavaqueira com o pessoal todo enquanto esperávamos pelo resto do people – e enquanto eu desesperava pelo C., doravante designado por Kris – mas por fim lá entra, atrasado meia hora, todo de branco, um cachecol ao pescoço e com os olhos realçados com um pouco de maquilhagem, que só faziam os seus olhos azuis ainda mais espectaculares – he surely loves to make an entrance! ;) [E porque é que eu me sentia como um teenager?!]

Pouco depois saímos em direcção ao restaurante. Fui a conversar com o Kris todo o caminho. No restaurante não havia uma divisão clara entre “gay quadrant” and “hetero quadrant” mas no final havia uma parte da mesa com uma preponderância para pessoal do clube fag. Por sorte – ou talvez a sorte não tenha nada que ver com isto… LOL – fiquei ao lado do Kris, que aproveitei para “picar” toda a santa noite! LOL No cômputo geral a conversa foi produtiva, com temas variados, desde o Aikidô (imposto por mim… eheheh), passando pela sociologia, psicologia e psiquiatria (imposto por mim… once again), aflorando os estudos gay, lésbicos e queer (imposto por mim… yeh, I’ve got a dominant soul) e depois as histórias de como as pessoas se conheciam umas às outras e como conheceram o A. Pela diversidade de pessoas que havia no jantar é que se nota a riqueza que é, de facto, a personalidade o A. Sem dúvida um rapaz com “um quarto de século” muito especial, que consegue colocar sob a mesma mesa pessoas completamente opostas na sua forma de ser e de estar, mas que, em comum, nutrem um carinho aglutinante por ele.

Depois das energias restabelecidas era altura de avançar a trupe de 38 pessoas em direcção ao Bairro Alto. Lá fomos! Deambulamos lá um pouco a apreciar a dinâmica do Bairro. Tive o “prazer” que me chamassem a mim e ao Kris “paneleiros”, enfim… os hetero-chungas na plenitude da sua aura de civismo e tolerância endémica. Acabamos por parar lá num bar qualquer à entrada do Bairro, e dado que, primeiro, eu nem sequer gosto de bebidas alcoólicas e, segundo, estou com medicação que é incompatível com bebidas alcoólicas, acabou por ser um pouco secante estar lá a ver os outros beber e não haver mesmo nada que fazer. In the between acho que começei a achar (ainda) mais piada ao Kris…

Seguimos – thank god – para o Bicaense onde finalmente pude curtir um pouco de música, dançar, sentar-me num puffwell enjoy the momentAfter that… LUX! Estava reticente em ir para o LUX, dado que no dia seguinte teria uma aula especial com o mestre Toriumi da Aikikai Tóquio às 10h00, o que não era nada agradável de se ter depois de uma noite mal dormida, ou mesmo uma noite em branco… No final, por força da insistência do Kris, que me estava a acusar de ser “desmancha prazeres” – what? Am I noting a sudden interest? – lá acabei por aceitar ir! Adorei! Estava uma noite interessante, com pessoal muito diferente nas pistas, desde as tias e os tios que não sabem muito bem o que estão lá a fazer – they don’t really get the point, passando pelos pseudo-dreads que se esforçam por parecer muito alternativos, até aos imensos gays que estão por lá, mais ou menos visíveis, mais ou menos out of the closet!

A good and interesting night!

sábado, novembro 27, 2004

Cute Night! & Cute Guy! = Great “Two in One”! :)

Esta noite fui tomar café com o meu amigo A., fomos ao «Café dos Teatros» ali mesmo ao lado do Teatro São Luiz. A hora prevista para o encontro era às 10h00 no Chiado, mas devido à minha laziness e também aos mails e mails que passei a tarde a ler, despachei-me muito tarde e só cheguei à Alameda por volta das 10h30… por sorte o A. também chegou atrasado e encontramo-nos mesmo a tempo na plataforma do metro da linha verde. O A. tinha no entanto combinado com o seu amigo C. na entrada dos Armazéns do Chiado às 10h00 e o coitado do rapaz apanhou uma descomunal seca de cerca de três quartos de hora! Xiii… estas combinações mal combinadas…

Bem, assim que vi o C. fiquei de boca aberta… tinha uns olhos fantásticos! Tinha um lookwell, para não ser politicamente correcto – “alternativo de pessoal de artes” lol O rapaz ainda novinho – é verdade… estou a ficar cota… buuaaaaa… – tem realmente uma cara muito gira e um corpo bastante parecido ao meu, ou seja, slim, slim, slim… Quando ele começou a falar reparei que de facto fazia todo o sentido o curso que estava a tirar, perfeitamente a antítese dos meus conhecimentos engenheirais. Admiro as pessoas com certa sensibilidade para determinados temas que para mim são, no mínimo, super aborrecidos para merecer qualquer tipo de dedicação a tempo inteiro ou parcial. A minha tendência de ver o mundo como um “organigrama complexo de relações inter-pessoais, económicas, culturais, políticas e sociais que obedecem a um rigoroso planeamento estratégico adequadamente susceptível de ser expresso através de flowcharts de processos” é de facto demasiado limitador para a beleza que a vida no planeta Terra adquire quando vista por pessoas como ele – ele, pareceu-me, vive a vida pela arte que ela tem, dia a dia, saboreando as pequenas felicidades diárias que a vida nos presenteia… Senti algo na sua personalidade que não sinto muitas vezes, senti como se houvesse algo de wild nele, como se houvesse mais a revelar do que apenas aquilo que me foi mostrado… interesting specimen indeed! Amanhã vou ao jantar de aniversário do A. e o C. vai lá estar. Uma óptima oportunidade para indagar a correcção da minha análise preliminar! Espero que ele não se sinta “observado” porque eu, de vez em quando, confesso que dou um pouco – talvez até mesmo muito… – nas vistas. Que o diga o N. que me anda sempre a criticar por causa disso mesmo… lol É mais forte do que eu!

Bom, tenho que ir dormir porque amanhã o dia será longo: Assembleia Geral Eleitoral da associação rede ex aequo na parte da tarde, jantar de aniversário do A. à noite com possível saída para o LuX… Agora vou comer a minha empada e xonar que já se faz tarde… ;)

sexta-feira, novembro 26, 2004

Mails, mails e mais mails… que seca!

Nem sabem a chatice que tive esta tarde… depois do meu passeiozito tão engraçado, tão produtivo, chego a casa e vejo-me a braços com toneladas de e-mails de pessoal do meu curso que se decidiu a – literalmente – agredir-se mutuamente ad infinitum através de uma mailing list transformada em campo de batalha… Sejam as tourada (com morte ou sem morte, eu sei lá…), seja o aborto, seja porque alguém fez isto ou aquilo para lixar não sei quem… – não interessava a discussão que fosse, o pessoal exaltava-se ao cúmulo da agressão verbal violenta, de insultos indiscriminados disparados em todas as direcções. Fiquei impressionado! Onde está a calma, a tolerância, a compreensão, o diálogo sereno e frutífero, a partilha de opiniões civilizadamente? Onde está a ética do discurso? Onde está a dialéctica argumentacional que dê substracto à inundação de emoções fortes, de adrenalina pulsante que fervilhava nestes mails? Nem vale a pena responder… nem mesmo para fazer ressalva à linguagem utilizada: generalizações indiscriminadas, linguagem racista, homófoba, xenófoba, fascista…

E estive mais de duas horas nisto… e ainda me falta uma quantidade parva de mails para ler... Que seca…

Leituras à beira rio…

Fui à faculdade de amanhã para almoçar e falar um pouco com o N., por sorte vi também por lá o R., o A., o D., o M. e o Alex… tudo do clube fag e, como habitual, todos na “fagolândia” lá do sítio: o Alkimia, ou também conhecido como o “8º Céu” – designação esta inventada pelo M.

Posta a conversa em dia voltei ao Parque das Nações e parei junto ao Tejo para me deliciar, com o Sol que ainda brilhava a aquecer-me o corpo magrinho, sentado num banco de betão pintado, de perna cruzada, a ler o segundo capítulo do meu livro de bolso sobre depressão que me tem mantido addicted… Parece que quanto mais leio sobre o assunto melhor identifico as minhas dificuldades e os meus trunfos, parece que já adivinho o que devo evitar fazer, pensar ou sentir, e aquilo que devo desenvolver ainda mais na minha personalidade bastante debilitada por seis anos de depressão… Mais constrangedor é que consigo agora identificar, em pessoas que me rodeiam, a sintomatologia que define o estado depressivo, e vejo que, de facto, muitas pessoas sofrem de depressão e nem sequer sabem; ou porque tentam enterrar a cabeça na areia e pensar que o que estão a sentir é uma fase, ou porque sabem que não estão bem mas não fazem ideia que nome lhe dar ou, pior ainda, porque pensam que os comportamentos que têm são características da sua personalidade e, por isso, “naturais”. Alguns dos meus amigos e conhecidos de certeza que estão em depressão… infelizmente. As estimativas dizem que só uma em cada quatro pessoas deprimidas é que é diagnosticada com depressão clínica, o que implica que a esmagadora maioria das pessoas acaba por viver em permanente estado depressivo durante toda a sua vida… um pensamento assustador!

O Tejo estava particularmente calmo hoje… quase sem ondulação nenhuma, sem uma brisa, apenas as ondas formadas por pequenos barcos de cortavam as águas serenas de vez em quando… parecia um lago em proporções gigantescas… tudo tinha tonalidades azuis, desde o rio até ao céu, com a linha de horizonte difusa devido à neblina mas marcada pelos traços da ponte Vasco da Gama… havia com certeza alguma excursão ao jardim da música ali ao lado, dada a quantidade de crianças e adolescentes vestidos de igual – como nos colégios privados – que se atarefavam a fazer a maior barulheira possível na sua alegria juvenil característica… começou a fazer frio depois do Sol se esconder atrás da colossal Torre S. Rafael… voltei a casa.

Back home from Japan…

À hora prevista telefono para o N. e, surpresa das surpresas, o rapaz que acorda todos os dias virado para Oriente, disse que não podia ir! Disse que tinha muito que fazer! Ora isto cabe na cabeça de alguém? Colocar as obrigações académicas à frente da cultura japonesa… isto é de loucos! lol E o F. que também era para vir, disse que tinha trabalho para fazer a partir das 19h00 e cortou-se também! Inacreditável… o cinto azul e o cinto verde faltam e vai o cinto branco sozinho para o São Luiz… deixem até o mestre saber disto! Kidding! Eu mal cheguei lá disse-lhe… segunda-feira, na aula de Aikidô, vão ver o que vos vai acontecer…

Depois desta desfeita toda, que estes meus colegas desnaturados do Aikidô me fizeram, lá arranjei maneira de aproveitar o bilhete do N. e levar o meu amigo A. ao teatro. Foi muito boa ideia leva-lo já que há ages que não falava com ele e assim pusemos a conversa em dia e além disso adoramos os espectáculos… e calhou-lhe muito bem este meu convite porque ele estava mesmo à procura de uma desculpa para não fazer nada o resto dia, mas não poderia ser por iniciativa própria – para não ficar com problemas de consciência – tinha mesmo que “acontecer algo”… And so it happened!

O espectáculo desta noite foi um estrondo realmente! Adorei! Começou pelo Coro. Eram quase todas mulheres no coro, com apenas cinco ou seis homens, uma pianista e um maestro que comandava as tropas. A média de idades devia ser 85 anos para cima… mas tinham boas vozes! Vinham todas de vestido comprido verde e com o mesmo colar – no que o meu amigo A. e eu reparamos… – e ainda usaram umas vestes japonesas diferentes a meio do espectáculo e os habituais leques! É um coro que foi formado em 2001 na cidade japonesa de Atami.

Seguiu-se o Kimono Fashion Show que foi muito giro. Começou com a forma floreada de vestir o kimono tradicional japonês até ao último detalhe… e para terem uma ideia demorou ainda algum tempo e deu tanta volta com tantos cintos e vestes que fiquei mesmo baralhado, mas no final a senhora ficou um espanto! De seguida houve uma passagem de modelos – média de idades a rondar os 90 anos – de kimonos com diferentes laços nos cintos, na parte de trás… alguns deles muito coloridos e folclóricos. Claro que quem causou sensação foi a garota de 50 anos que estava toda janota num “kimono-de-noite” LOL

Seguiu-se a Dança Popular Japonesa com destaque para as danças das cidades de Hiroshima e Nagasaki, devido aos ataques nucleares na Segunda Grande Guerra. Mas também de outras cidades do Japão… se não me engano havia uma dança da cidade Kyoto. As danças que achei mais piada eram aquelas que diziam respeito a actividades tradicionais, como a dança que retractava o corte de árvores nas serras para fazer carvão no Japão antigo, e outra dança que representava as lides piscatórias dos japoneses radicados numa ilha do norte do arquipélago… sem dúvida o realismo e a beleza dos movimentos síncronos, dos kimonos coloridos, dos leques, “pompons cor-de-rosa” e chapéus de chuva tradicionais japoneses, transmitiam calma e alegria. No fim atiraram para cima do público pequenos panos ou lenços dobrados com caracteres japoneses impressos e ainda distribuíram Origamis… como estávamos na terceira fila da plateia o A. apanhou com um lencinho e eu recebi um Origami!

At last but not the least… o melhor de todos os espectáculos: os Tambores! Eram tocados por duas famílias, uma de cinco elementos – avó, filhas e netas – e outra de quatro elementos – pais e duas filhas. A preparação física deles era invejável, desde a já ancienne grand-mère até à young teenager! Impressionante! Os diferentes ritmos – ora mais rápido, ora mais lento – a forma como se colocavam para fazer os batimentos – com o corpo numa posição baixa e movendo a anca, e não só os braços, como tanto se farta de resmungar o nosso professor de Aikidô para que nós façamos – os gritos em japonês de coordenação dos ritmos, as diferentes disposições dos tambores, os diferentes tambores – desde uns pequerruchos até um gigantesco colocado numa sólida estrutura de madeira – toda a ambiência e partilha de sentimentos era realmente primorosa… o público adorou e correspondia com palmas vigorosas. Se pudesse repetia a dose amanhã mesmo!

Depois das emoções fortes fui com o A. tomar um café e um Ginger Ale ao Heróis – que felizmente estava com pouca gente – e estivemos na conversa até bem tarde! Acabei por ficar a saber que um tal C. – do clube fag, como diz o B. – vai ao jantar de aniversário do A. e pode ser que seja… interessante! Vamos lá ver no que vai dar…

Comecei o dia com o pé esquerdo mas afinal acabei-o com o pé direito! I’m just happy!

quinta-feira, novembro 25, 2004

Too long? Is it really? Think carefully…

Nos últimos dias tenho dito a mais pessoas que tenho este blog, é um processo moroso este, o de um blog inicialmente anónimo se tornar de leitura diária para alguns habitués, começar a ser comentado e criticado, ser uma fonte de feedback ao meus pensamentos… Mas, no entanto, os pequenos feedbacks que tenho tido – e que não foram escritos, infelizmente, neste blog na zona de comentários… – facultados através do MSN, foi de que este blog era “demasiadamente grande”, ou seja, que os posts que faço são muito extensos… A minha reacção imediata foi pensar «ninguém leu o primeiro post do meu blog»! E de facto assim é quase sempre. A segunda reacção foi pensar: o blog, antes de mais, é meu, não serve para agradar seja a quem for, muito menos deve ser deturpado, alterado ou moderado para se moldar aos gostos pessoais de alguns cibernautas, sejam ou não eles amigos ou desconhecidos…

Penso que cada blog que existe, neste extenso mundo da “Blogolândia”, é uma personalidade estendida à arena digital, como se a personalidade das pessoas fosse de repente extravasada do seu ser e impelida a ser conhecida por – potencialmente – milhões de utilizadores da Word Wide Web, aproximando as pessoas inicialmente desconexas através de uma ferramenta que as faz conhecer, antes de mais, os sonhos e as aspirações mais profundas dos seus utilizadores, e também um pouco do seu self em construção… Ora, este blog é exactamente isso, uma forma de eu me “re-ligar” ao mundo, voltar a encontrar cabos e fios esquecidos e/ou desligados, e traze-los de volta ao funcionamento normal. Este blog é, pois, um blog pessoal e em constante mutação, que se vai fazer sentir quando, daqui a um ano, os seus leitores compararem os posts dos arquivos com o que se estará a postar nessa altura… com certeza, espero (para meu bem… diga-se), que haja uma grande diferença, na focalização dos assuntos visados nos posts… e que transpareça um salto em frente em relação à construção do meu self

Em relação ao primeiro post deste blog – que adequadamente tem o mesmo nome que o blog – escrevi-o propositadamente para que as pessoas que me visitassem aqui pudessem ficar contextualizadas com o porquê de muitas das idiossincrasias da minha escrita e pensamento, para que não achassem este um blog “sem nexo”: «o que é que ele quer com esta conversa toda?». Não pretendo fazer um blog activista LGBT, como muitos dos que se vêm na Blogayesfera – não é esse o meu intuito; não pretendo fazer um blog de divulgação de actividades culturais, desportivas, académicas, ou outras – também não é esse o meu objectivo; não pretendo que seja um blog do género “comentarista político”, com intervenções exaltadas de partidários desta ou daquela posição nas caixas de comentários; muito menos pretendo adquirir seguidores para causas, mais ou menos rebuscadas, mais ou menos válidas, mais ou menos altruístas… Este é um blog em que falo sobre mim, e para mim, e no qual as pessoas podem – sempre que quiserem – comentar, avisar, sublinhar, relembrar, ajudar, partilhar… para que o percurso que pretendo fazer neste blog não seja (tão) solitário!

É por isso que acho que quando começamos a ler um blog deveremos sempre ler o primeiro post de todos porque é esse o post que vai dar o mote do que se vai seguir e, muitas vezes, ao perceber-se a génese de um blog, percebemos melhor o/a seu/sua autor/a…

Hope to see you around here soon…

Acordar tarde dá… ansiedade!

Detesto acordar tarde, parece que o dia começa logo a metade, «oh, not again… perdi uma parte do dia», como se já fosse tarde sequer para me levantar porque já não vou ter tempo para fazer aquilo que deveria fazer, levanto-me da cama e apetece-me logo voltar a cair nela «já que o mal está feito»… No entanto, por razões que eu próprio desconheço, fico preso à cama, cheio de remorsos por não me levantar, até imensamente tarde… É como se de manhã a gravidade fosse muito mais forte do que é durante o resto do dia. Detesto ainda mais acordar com telefonemas de pessoas – que já estão a meio do dia, todas atarefadas e contentes – que me pedem coisas para fazer… Acordo logo mal disposto e sem vontade para mexer uma palha…

Hoje aconteceu-me isso. Acordei logo com imensa ansiedade, a tremer das mãos como já é habitual mas com mais intensidade, com um “humor de cão” que já me caracteriza quando estou sob stress, com uma vontade de ter um botão reset e voltar a acordar, desta vez às 7 da manhã, e de preferência sem despertador nem com telefonemas irritantes, mas sim com o calor do Sol a entrar pela janela do meu quarto… Que se lixe, «o que tem que ser, tem muita força»… Vou ver se como qualquer coisa… qualquer coisa do género “pequeno-almoço”+”almoço”+”lanche” – 3 em 1 – mais um atentado alimentar para adicionar ao meu cadastro… o pior é que sou “addicted” a galões, e no combate “galão” vs. “tremura das mãos” ganha a tremura das mãos, que tem a ajuda preciosa da sua amiga cafeína…

Espero que o super-show japonês logo à noite valha mesmo a pena para compensar este começar de dia com o pé esquerdo…

quarta-feira, novembro 24, 2004

Japan Week!

Esta semana está a decorrer a “Semana do Japão” (23 a 28 de Novembro), um acontecimento organizado pela embaixada do Japão. Existem imensas actividades promovidas pela embaixada durante esta semana divididas entre a Cordoaria Nacional, o Teatro Municipal de São Luiz e o Pavilhão do Casal Vistoso (por favor, não confundir com Ventoso…).

Cordoaria Nacional Torreão Norte

quarta-feira a sexta-feira / 11h00 – 13h00 / 15h00 – 20h00
sábado / 15h00 – 20h00
domingo / 15h00 – 19h00

Pintura Boku-Sai – Escultura em madeira – Estampagem em seda – Caligrafia japonesa –Estampagem de peixe [Gyotaku] – Máscaras de Nô – Origami – Cerimónia do Chá



Pavilhão Casal Vistoso

Demonstração de diferentes Artes Marciais japonesas, antigas e modernas (está incluído o Aikidô)
Rua João Silva – Tel.: 21 849 93 98



Teatro Municipal de São Luiz

Rua António Maria Cardoso, 38 – Tel.: 21 325 76 40
Entradas Gratuitas / Levantar bilhetes na bilheteira do teatro entre as 13h e as 19h
23 a 28 de Novembro / Início dos Espectáculos: 20h30

What about us?

Well... eu, o N. e o F. já temos bilhetes para amanhã, 25 de Novembro – carinhosamente cedidos pelo nosso professor de Aikidô que é um querido connosco! – e vamos amanhã à noite ver os espectáculos no Teatro Municipal de São Luiz.

Eis como vai ser a [nossa] noite:

Dança Popular Japonesa
Grupo / Instituto de Dança Popular de Nakayama

Kimono Fashion Show
Grupo / Tamura Yoko Kimono Gakuin

Coro
Grupo / Coro Atami Frauen

Tambores Taiko
Grupo / Bihorotoge Taiko Hozonkai


Que acham? Nada mau para uma noite cultural! :)

terça-feira, novembro 23, 2004

I've survived... ao "pica-miolos"! :)

Nice day! De manhã o habitual “ferradinho a dormir enroscado nos lençóis”! Hummm que bom! Depois almoçar – yep, estou mesmo a melhorar, pelo menos não saltei o almoço hoje – e tomar café com a Rita, a minha querida (amiga)! Falamos de assuntos pessoais de ambos, ou seja, de “gajos”! Terminadas as cusquices, fui ter com o N. ao Alkimia, e surpresa das surpresas, estava lá também o A. Falamos um pouco e depois chegou o R. da sua aula preferida: Genética! NOT! Esta tarde tinha combinado ir com o R. a uma logita de material para artes marciais que o R. e o N. conhecem, ali perto do Alvaláxia. Fui ver os preços das armas de Aikidô e fiquei a saber que em carvalho, as três armas mais o saquinho preto para as transportar (que dá um luxo de look a quem anda com ele…), ficam na módica quantia de 40.05€! Ainda bem que os meus pais vêm cá este fim-de-semana… e que não sabem deste blog! Acabei por descer a avenida da República com o R. até ao Saldanha, lanchamos numa pastelaria e depois fui para a consulta…

Sobrevivi à consulta de psiquiatria! LOL Foi muito produtiva e saí de lá com novo alento. Como estava já à espera aumentei a dosagem da medicação e vou tomar mais outro medicamento para as minhas tremuras… das mãos! ;)

Entretanto estou a adorar o meu novo livro sobre depressão escrito por um sociólogo… dá uma perspectiva diferente daquela que vem expressa em livros escritos por psicólogos ou psiquiatras. Quando o terminar, e se me lembrar, ainda faço um post a comentar esse livro.

Well amanhã vai ser outro dia muito fixe e sabem porquê? Porque há Aikidô!

Another day gone! Tomorrow one more to come!

Ah! Mais uma aulinha de Aikidô que me soube pela vida! Que bom! Fizemos uns exercícios de “quedas atrás” muito engraçados e também vimos um pouco de Yonkyo que já não fazia há séculos, pena que nunca consiga encontrar o famigerado tendão que se tem que pressionar para doer… Enfim, um pouco de violência física acaba sempre por fazer doer, com ou sem tendão! Kidding! Fear not! I’m a good boy!

Amanhã tenho consulta de psiquiatria… Estou um pouco receoso… não porque tema a Dra. Nazaré, mas porque é mesmo assim… esta ansiedade incrível mói-me sempre o espírito mesmo quando não há razões racionais para tal, algo que eu já estou habituado, pelo que evito pensar muito no assunto, ou então, que é uma estratégia que resulta muitas vezes, vou dormir e está feito, nem mais um pensamento… «E os sonhos?» Bem, nunca me lembro deles, por isso, que se lixem os sonhos… Mas em parte estou apreensivo em relação a duas coisas: mudanças na medicação e o diagnóstico que me vai fazer… A opinião dos meus médicos sempre foi importante para mim. Logo se verá no que vai dar…

Antes de ir à consulta vou ver se vou com o meu amigão R. às compras. Vamos comprar material para o Aikidô. Eu vou comprar as armas do Aikidô enquanto o R. vai comprar um kimono para o seu kido N. Mais umas aquisições interessantes! Sim, porque hoje não resisti em passar pela secção de psicologia da Bertrand do Vasco da Gama e fazer mais duas aquisições, um dos livros sobre depressão. É compulsivo… não consigo parar! Pelo menos daqui até ao Natal vou ficar um expert em depressões e doenças do comportamento alimentar. :)

segunda-feira, novembro 22, 2004

Fofinha...

Cheguei agora mesmo das minhas feriazitas de quatro dias em casa dos meus pais, afastado do rodopio de Lisboa, das preocupações e das úlceras constantes… Que bem me soube! No entanto parti com uma dor no coração.

O problema está na minha gatinha. Chama-se “Fofinha” e está connosco há 12 anos. Há 12 anos atrás, quando uma “greve”, minha e dos meus irmãos, exigiu um gato, saiu-nos uma gata, mas isso não importava nada, o que queríamos era mesmo um animal de estimação felpudo e que fosse uma novidade. Até hoje, a Fofinha mantém-se fiel às nossas expectativas, continuou felpuda e com algo novo todos os dias… Foi uma amiga que esteve sempre disposta a ouvir-nos nas nossas horas de maior aflição, continuou brincalhona, ternurenta no seu ronronar suave, sempre disposta a tirar uma soneca no nosso colo, continuamente, patrulhava o seu território nos nossos jardins para verificar que nenhum outro gato ou gata se atrevia a invadir o seu espaço. É uma siamesa com olhos azuis, linda, linda, linda! No entanto nem tudo são rosas, e os animais de estimação não vivem para sempre…

Há uns meses atrás a nossa gatinha foi operada a uns nódulos que lhe tinham aparecido junto da sua barriguita. Pouco depois da operação a coisa complicou-se e os nódulos deram lugar a um tumor que alastrava galopantemente. Uma nova operação foi efectuada. Uma nova anestesia. Com a idade dela já não aguentaria muitas mais anestesias, nem muitas mais intervenções cirúrgicas deste género… Os meus pais recorreram então a uma das melhores clínicas veterinárias do Porto. O diagnóstico não poderia ter sido pior… a Fofinha tinha um tumor maligno e em breve iria espalhar-se ainda mais, afectando-lhe os pulmões, e caso não se abatesse a nossa gatinha, ela iria acabar por morrer asfixiada. Segundo nos foi dito, os tumores malignos são a principal causa de morte nas gatas: 85% das gatas morrem desta forma.

Quando cheguei a casa, na quarta-feira, a gata estava já com dificuldades de respiração, estava “pele e osso”, magra como nunca a tinha visto antes. Estava apática, já não brincava, nem sequer andava pela casa à espreita de um colo vazio… estava agarrada à cama da minha irmã, junto de muitos cobertores, porque dada a sua magreza estava constantemente cheia de frio, sem massa adiposa que a protegesse das temperaturas baixas que se fazem sentir por esta altura entre o Porto e o Marão. Tínhamos que ser nós a dar-lhe de comer, muitas vezes com pausas, para que ela respirasse em profundidade, com muita paciência dávamo-lhe leite, ou alguma carne grelhada cortada muito fininha e misturada com creme de sopa, uma ‘papa’ que ela pelos vistos gostava, para nosso alívio, porque muitas vezes recusava-se a comer seja o que fosse. Deveria-lhe custar comer coisas muito sólidas como a tradicional comida para gatos. A sua respiração já era feita com a ajuda do diafragma como também acontece com as pessoas com dificuldades respiratórias, um espectáculo não muito bonito de se ver, ainda por cima com os seus olhinhos azuis agora tristes, vencidos pela doença. No entanto sempre que a afagávamos, lhe dávamos carícias e miminhos, ela ronronava, eternamente agradecida pela nossa companhia e pelo nosso afecto. Foi por causa deste amor incondicional que ela nos tem que ainda não foi abatida, mas nota-se que sofre, por isso não nos resta outra alternativa.

Abracei-a durante uns minutos antes de sair de casa, dei-lhe beijinhos, cocei-lhe as orelhinhas e o pescoço como ela gosta tanto, disse-lhe adeus. Sabia que iria ser a última vez que a veria. Estranhamente, estava calmo, talvez já nostálgico das nossas brincadeiras e da sua companhia. Durante esta semana o meu pai irá com ela à clinica veterinária do Porto. Ela será anestesiada, irá começar a dormir profundamente, mas não se parará de lhe ministrar anestesia… ela irá enfraquecendo a respiração, o batimento cardíaco tornar-se-á mais compassado, a pulsação ficará mais fraca, e eventualmente o seu coração – que bate há mais de 12 anos – parará definitivamente de bater. Será cremada lá. A ideia da minha irmã de a enterrar no nosso jardim não teve adesão entre os meus pais.

Agora viverás eternamente nos nossos corações e nas nossas mentes Fofinha. Obrigado.

domingo, novembro 21, 2004

Depressões 17/11/2004

Para verificar o estado crítico em que me encontrava na semana passada, e, como em nada me ajudaram os "amigos", deixo um episódio pelo qual passei, e, que muito contribuiu para a minha "escapadela" de quatro dias no Porto para descançar do ambiente pesado que se vive em Lisboa...

Impressionante! Hoje foi o segundo round das rajadas. Hoje fui à faculdade só para ter o meu imprescindível Aikidô, para a meditação do cerimonial, para me fundir com o movimento ritmado e acompanhado que se tem quando se pratica Aikidô. A fluência de movimentos síncronos, belos, simples junto de colegas aikidocas, o som dos tecidos dos nossos kimonos nos tatamis, da respiração uns dos outros, das pancadas secas com as mãos ou os pés nos tatamis, todo o misticismo envolvido e as expressões japonesas em voz alta do nosso professor criam um ambiente que me é familiar e já fundamental para o meu bem-estar. Saio das aulas com o espírito mais ‘lavado’ da poluição do dia-a-dia. E hoje o dia esteve mais uma vez cheio de smog

Quando cheguei ao Alkimia estava uma mesa inteira cheia de pessoal gay da minha faculdade e até um rapaz de outra. Sinceramente só queria mesmo lanchar e falar um pouco com o N. e não estava com paciência para aturar ninguém, em especial o A. que está a atravessar a fase da estupidez crónica e da melguice pegajosa. Mas não tive hipótese; tive que levar com mais uma ensaboadela dos constantes «[risos parvos]… que é que ele tem?! [novos risos parvos com sorriso nos lábios cínico]» ou ainda dos «[voz abrutalhada] Que cara é essa? Pareces um zombie.». Não há paciência que ature esta gente! Em vez de serem compreensivos e tolerantes, em vez de terem o dobro da paciência comigo, estando somente presentes, sorrindo com sinceridade, exprimindo a sua amizade e afecto por mim – que é aquilo que mais preciso – desatam com “brincadeiras” que são completamente incompatíveis com o meu estado de espírito, a apreciações críticas que no mínimo me afectam, que as sinto como directas ofensivas depreciativas da minha maneira de ser, como ressalvas à minha conduta e personalidade, como se tivessem arrependidos de serem meus/minhas amigos/as, como se estivessem a inteirar de que é uma pena não terem sabido antes que eu era “assim”. Fico mesmo em baixo com tanta falta de tacto. Enfim! Pelo menos a aula lavou-me desta poluição de infelicidade. Acabei ainda por encontrar o meu recente amigo R. na cantina que me fez muito, muito bem!

Decidi ir para casa amanhã bem cedinho. Apanho o Alfa Pendular e… olá Porto! Vou tirar umas fériazitas, uma escapadela estratégica para reabilitação mental e psíquica – que falta me faz a qualidade de vida da minha casinha! Tudo o que eu preciso está lá. Vou ver se faço algum trabalho de introspecção, falar comigo próprio, colocar-me metas, dialogar com o que de mais profundo há no meu ser… verificar onde falho, onde sou bem sucedido, procurar defeitos e qualidades, mas com relatividade, não exagerando nos defeitos e esquecendo as qualidades como tantas vezes faço no estado de baixa auto-estima em que me encontro, de pessimismo endémico e de deturpação doentia da minha auto-imagem. Pode ser que venha com mais alegria de viver, mais feliz, mais bem disposto e com disposição para aturar os outros e a mim próprio, com capacidade para controlar os meus impulsos, com vontade de sair da cama bem cedo para aproveitar ao máximo os dias curtos… Além disso há um projecto pessoal que vou tentar concretizar nestes dias que vou passar em casa. Projecto esse que só o meu amigo B. sabe mas que me vai ajudar imenso a ultrapassar a minha depressão, tal como este fórum faz.

Até daqui a uns dias. Pode ser que venha diferente!

in fórum ex aequo, da associação rede ex aequo

O «projecto pessoal» de que falava era de facto... este mesmo blog!

Depressões 16/11/2004

Neste post que aqui coloco retrato uma situação vivida por mim recentemente e que senti ser importante retratar por palavras, ou melhor, desabafar. Escolhi na altura, uma vez mais, o "fórum ex aequo" da "associação rede ex aequo".

É impressionante como as pessoas conseguem magoar-me mesmo sem quererem, em especial amigos que gosto e para os quais o que me dizem é importante… Em especial nesta fase da minha vida, devido à “idade das trevas” por que passo neste momento, com a depressão a invadir os meus sentidos e pensamentos, qualquer comentário é avaliado erradamente por mim, não consigo relativiza-lo, encaro-o como uma crítica feroz e muitas vezes até propositada para me fazer sentir mal, péssimo; parece que ninguém percebe o que passo e o que sofro todos os dias em silêncio, sinto-me incompreendido muitas vezes… aliás, quase todas as vezes. O pior é que tenho que ser socialmente correcto e sorrir, falar e ser simpático quando na verdade apetece-me desaparecer completamente, deixar de existir. Ainda hoje aconteceu isso mesmo. Estava eu no Alkimia e no espaço de dois minutos recebo críticas de toda a gente com quem estava na mesa menos do N.!! Primeiro foi o A. que, mesmo com um sorriso brutal escarrapachado nos lábios, que salientava ainda mais o seu ar de satisfação cínica por me contrariar, recusou que eu participasse na conversa que ele estava a ter com o N., assim sem mais nem menos! Fiquei estupefacto, que brutalidade e que frieza, credo. A seguir meti-me com o “mais que tudo” do N., o R., e ele não entendendo que estava a brincar com ele responde-me, com um ar sério, num tom seco, «devias moderar os teus comentários»! Ainda por cima dele, que é das pessoas que mais gosto e com o qual gosto até de desabafar de vez em quando, coisa que não faço com toda a gente. Enfim, foi como um tiro no peito; aquela altivez e ar superior a dar uma descasca no rapaz inferior e “baralhado das ideias”, confuso e imaturo… que raiva que me meteu e ao mesmo tempo que dor no meu peito. Ninguém tem a mínima paciência para mim, no entanto eu absorvo muitas vezes carradas de queixas dos meus amigos e sabem lá eles muitas vezes como me sinto por dentro, como me faz mal estar a ouvir isto ou aquilo… «Ele é tão compreensivo…» pois! E para quando vocês? Quando é que se apercebem da importância dos amigos na terapêutica anti-depressiva? A seguir foi a vez da M. que me repreendeu por causa de uma conversa que tive com ela via MSN havia uns tempos e que, na altura, aproveitei para brincar um bocadinho com ela, para ver se me (auto)animava e a animava a ela também (que diga-se, em abono da verdade, que também ela tem tendências depressivas óbvias). Pensei que ela iria reagir rindo e entrando na brincadeira (que era mais do que óbvia, diga-se de passagem), aproveitando para me animar um pouco, mas não: reagiu com uma atitude pudica de pessoa extremamente ofendida! Esta tarde, no Alkimia, não teve contemplações, vendo que estava aberta a época de tiro ao alvo à minha auto-estima, aproveita o timing e abre fogo… Despedi-me meio atordoado e fugi dali para fora com a maior rapidez possível… credo! Quem precisa de inimigos!

Pelo menos, mal saí deste inferno, decidi ir à FNAC, passar pela secção de psicologia e de sociologia para fazer umas compras! Ainda bem que fui. Fiz duas excelentes compras e acabei por lanchar no “Café di Roma” dos “Armazéns do Chiado” folheando as últimas aquisições. Estava para comprar este livro sobre depressão há uns tempos, e como hoje de tarde acabei de ler o único livro que tinha sobre o assunto achei que era mesmo the right time para mais uma aquisição! Nestes últimos tempos tenho lido muito sobre psicologia, em especial sobre síndromas depressivos. Quanto mais souber sobre o que se passa comigo melhor e mais rapidamente me posso curar, além de que me dá certo alívio verificar que há pessoas que passaram pelo mesmo sofrimento que eu e que recuperaram a alegria de viver. O caminho tem altos e baixos, mas espero que a média seja sempre a subir…

Tal como no caso do post anterior espero que as pessoas que lerem este blog e que estão visadas neste post, não o encarem como um ataque pessoal, mas sim como a escrita desesperada de um amigo que precisa da vossa compreensão nesta fase da sua vida.

sábado, novembro 20, 2004

Depressões 11/11/2004

Este é o um post dedicado à depressão e que escrevi recentemente no "fórum ex aequo" da "associação rede ex aequo", da qual faço parte, no tópico Apoio.

Sobre as depressões tanto se pode e há para dizer e escrever, livros inteiros foram dedicados a esse tema, no entanto muitas pessoas continuam a sentir-se profundamente tristes no seu dia-a-dia, sem razão nenhuma para se levantarem cedo de manhã, simplesmente sobrevivendo ao quotidiano maçador, desmotivador e profundamente repetitivo. É o que sinto também eu agora. O pior de tudo foi que me tinha convencido que finalmente a minha depressão -- já bastante antiga e sofredora -- tinha finalmente passado no início deste ano; pela primeira vez vivi feliz, com um sorriso na cara, livre de pensamentos pessimistas perseguidores, contente por aproveitar "pequenas grandes felicidades" junto da pessoa que eu "amava", alegre por ter tanto que fazer e contente por ter alguém a meu lado que me ajudava imenso -- só estando presente era suficiente.

Desde Julho que, infelizmente, tive uma recaída, e pior do que isso, confirmando também o que vem escrito em vários livros do tema, com maior gravidade e alcance. Sinto-me anestesiado na minha existência, como se estivesse suspenso sobre o meu corpo e ele tivesse ganho forma de se mover, sentir e pensar por ele, sem a minha influência, estou cansado das tarefas diárias da faculdade e que sinceramente não me dizem rigorosamente nada, estou cansado de ter que fingir perante as pessoas que estou bem, e ainda mais cansado de ter que ouvir "bocas" de pessoas saudáveis sobre "como" me devo sentir... Pragmatismo acima de tudo: eu sinto, isso é uma realidade! Como me deveria sentir também eu sei, é com isso que eu sonho todos os dias, não preciso que me digam os sintomas de uma pessoa saudável porque eu contacto com elas todos os dias. Muitas vezes as pessoas, pensando que estão a fazer uma obra de caridade extraordinária e de um altruísmo que leva o mortal à vertigem de uma lágrima, falam, falam, falam... e o que eu sinto e faço acaba por ser exactamente o oposto do que essas mesmas pessoas pretendiam. É por isso que a ajuda da minha psicóloga é imprescindível: ela não me julga, ela não me dá lições de moralidade, nem sequer me diz o que eu tenho que fazer... Ela ajuda-me de verdade. Os amigos são fundamentais também, mas a única coisa que quero deles é sentir que sou "amado" e apreciado por eles, que eles gostam de me ter por perto e que percebem que não estou numa fase muito boa, e mesmo assim, com redobrada paciência e tolerância me ouçam e principalmente me abracem! Não preciso que me digam nada, apenas que mostrem carinho e amizade, porque sentir-me apreciado e acarinhado vale muito mais do que qualquer hora de conversa enfadonha sobre psicologia de gaveta. Os psicofármacos são importantes e estaria a mentir se dissesse que não os tomava: tomo. Os seus efeitos têm mais alcance do que os pacientes muitas vezes imaginam, e muito menos que os seus delatores muitas vezes querem fazer crer. Tomo um inibidor da serotonina que é dos mais utilizados em Portugal. A sua função no processo de cura da depressão é apenas como complemento, porque não me faz feliz, faz-me apenas não estar tão infeliz, o que é muito importante!

Muitas vezes, como hoje, não saio de casa. Fecho-me no quarto, com um sono crónico e profundo, não como absolutamente nada porque sinceramente nem sequer tenho fome, e por outro porque comer não me dá prazer nenhum, apenas o faço para não sentir o desconforto da fome e a impertinência dos barulhos do estômago. «Afinal para que hei de preocupar-me em comer a horas certas se é uma completa perda de tempo?» (Porque só uma pessoa fisicamente saudável pode ser psiquicamente saudável, porque poderás vir a sofrer de alguns problemas no futuro devido à subnutrição, bla, bla, bla -- dizem-me normalmente as pessoas para as quais o corpo delas nunca foi um problema e que já só precisam de ir ao ginásio para manter um corpo espectacular) «Afinal de contas para quê estudar?» (Porque tens que tirar o curso, tens que o fazer por ti, tem que ser um projecto teu, bla, bla, bla -- dizem os mesmos de sempre) «E para quê arranjar-me antes de sair de casa?» (Para te sentires bem contigo próprio, para as pessoas reparem também mais em ti, bla, bla, bla -- continuam os optimistas, belos e graciosos humanos saudáveis que me rodeiam) «Para que hei de fazer projectos pessoais se não os consigo terminar?» (Tens que ter força de vontade, tens que ter a tua própria personalidade porque é isso que as pessoas vão apreciar em ti, bla, bla, bla -- nunca desistem de me "explicar" verdades que eu supostamente sou incapaz de saber na teoria! NOT!) «Para quê divertir-me, se ao fazê-lo verifico o fosso interminável entre mim e o resto das pessoas em matéria de felicidade genuína?» (Porque é com as pequenas diversões diárias que vais conseguir quebrar o ciclo vicioso, porque aprendes como as pessoas normais, aka comuns, sabem viver ultrapassando as suas dificuldades, bla, bla, bla -- dizem-me muitas vezes os amantes da festa e da diversão que são invariavelmente os
popular guys ou popular grils da faculdade) «E para quê aturar alguns amigos chatos, ou mesmo os amigos não chatos mas que não tenho paciência para os ouvir, e principalmente para os ver nas suas vidas radiosas e plenas de momentos rejubilantes de felicidade?» (Porque os amigos são essenciais para o bem estar social, para o apoio nas horas difíceis, para poderes desabafar e obter compreensão, bla, bla, bla -- dizem-me aqueles que raramente precisam de outras pessoas para se sentirem plenamente bem consigo próprios e com a vida que têm, alguns deles que nasceram com o rabo "virado para a Lua", tocados pela sorte desde o berço...) Simplesmente não há pachorra!!! Há dias como hoje que apetece mesmo ir para Marte, para um local onde esteja só comigo próprio, longe dos problemas intermináveis, longe do resto da humanidade, longe da tentação de que é possível ser feliz. Viveria feliz num mundo em que soubesse que não haveria hipóteses de encontrar um namorado porque simplesmente não existiriam mais humanos na face do planeta, poderia então focalizar-me a "ser", a "sentir", a "pensar" e a "fazer" em paz.

Mas como devem ter reparado o problema por detrás da minha depressão pode-se resumir em poucas palavras. Tenho dificuldades em ser «feliz sozinho» e é algo que tenho que aprender. Recuso namoros nesta fase da minha vida porque de facto não estaria preparado para ter um namorado, não estaria bem comigo próprio, sereno e tranquilo na existência, não poderia fazer uma pessoa feliz quando eu próprio não sou feliz comigo mesmo. Mas ao mesmo tempo parece-me quase impensável vir a ser feliz sem alguém a meu lado, sem uma pessoa que me recupere deste estado de alma, este spleen infernal que se apodera dos meus sentidos e me faz rastejar por pensamentos macabros em ciclos infinitos até ficar desnorteado. Penso muitas vezes na morte, na não existência, em como as coisas se "resolveriam" facilmente se simplesmente eu não existisse. Sei que não ficaria feliz se morresse mas também sei que pelo menos não sofreria mais. «A morte nunca é solução» Claro que não é solução, no sentido em que me vai dar aquilo que pretendo, mas o que as pessoas muitas vezes não percebem é que nos tira tudo aquilo que temos e não queremos, ou seja, um sofrimento diário e repetitivo, o vazio da ininteligência e total falta de senso da nossa própria existência, o sentimento profundamente perturbador da impotência de alterarmos o rumo dos acontecimentos, a prisão da inacção que nos amarra à divagação do pensamento, nos perde em recordações nostálgicas dos momentos deliciosos passados a dois e que agora estão perdidos a não ser no meu peito que ainda os recorda como ferro incandescente a ferir o meu coração, a morte tira-nos da melancolia quotidiana, do olhar triste que damos ao Mundo, dos sons secos de uma vida meia perdida... Mas seria -- eu sei -- uma covardia matar-me e desistir de lutar, renunciar ao amor que aparentemente todos têm menos eu (eu sei que não devo dizer coisas deste género, «ou tudo ou nada», generalizações marcadamente irrealistas, eu também já li livros..., mas uma coisa é inalienavelmente verdadeiro: o que sinto, e estaria a mentir se dissesse que não sinto assim, mesmo com a razão a tentar amarrar o sentimento à sabedoria teórica e racional, ele extravasa os limites do racional e inflama-me todo o corpo num ápice e com uma dor que é física, que eu na realidade sinto no meu peito. A psique pode influenciar o corpo e eu sinto mesmo uma dor profunda no peito quando tenho sentimentos de dor e perda muito grandes, como a perda definitiva de um ex-namorado.). Viver, sei que é esse o caminho que tenho que seguir, e como não deixaria de ser é também o mais sinuoso e difícil. Sei que terei companhia nessa via dos meus amigos e familiares, mas sinto medo... sinto medo de que a felicidade intensa e profundamente recompensadora de uma vida de casal seja ilusória e fugidia, esquivando-se aos meus esforços, retraindo-se às minhas investidas...

Li recentemente um livro muito bom e que me deu muito prazer, escrito por Christophe André que é um médico psiquiatra no Hospital Sainte-Anne em Paris cujo título é «Aprender a Viver» (Editorial Notícias, 1ª Edição, Junho 2004). Ajudou-me imenso a ver a vida de uma perspectiva diferente. A vida quotidiana é que não me tem ajudado nada... sempre que tenho um dia moderadamente mais animado há de sempre haver alguma coisa que me faça ficar profundamente afectado, profundamente triste, enfraquecido e que me recorda a inutilidade dos esforços, porque nada muda realmente... É complicado viver em depressão, mesmo quando estamos conscientes disso, mesmo quando tudo parece indicar que estamos a seguir o caminho certo, quando estamos a recorrer a apoio médico, psiquiátrico e psicológico, quando os amigos mais íntimos sabem o que passo e tentam com o melhor do seu esforço ajudar-me a recuperar desta idade das trevas, qual idade média emocional, mesmo quando a família se esforça por se mostrar mais presente e preocupada.

A todos os que me ajudaram ultimamente um enorme abraço de agradecimento pois não me esquecerei nunca. Espero recompensar-vos a todos fazendo esforços para ficar melhor cada dia que passa pois mereceis ver-me como eu sou ‘normalmente’.

Espero que após lerem este post, aquelas pessoas que por vezes sofrem injustamente com alguns dos meus comportamentos aparentemente contraditórios e egoístas, possam ter uma ideia mais fidedigna da minha real situação actual, e me possam - espero - perdoar.

Back to Mars

Começa aqui o meu pequeno blog... O seu título é «Back to Mars»!

Para aqueles que me conhecem mal, ou então desde há pouco tempo, poderão estranhar a natureza deste título um tanto ao quanto enigmático ou mesmo lugar comum, mas todos os que me conhecem razoavelmente bem, esses não terão dificuldades em percebe-lo, em especial tendo em conta os desenvolvimentos ‘recentes’ na minha vida.

Olho para mim e sinto-me um rapaz simples mas no entanto ambicioso, algo que longe de ser incompatível é, para mim, natural. Nesta altura em que escrevo não sou uma pessoa feliz, estou a passar por uma fase da minha vida particularmente delicada, difícil, sofredora, sombria... Estou mergulhado numa depressão. Esta palavra, que antes era apenas sinónimo de 'algo' distante e de fracos, faz hoje parte do meu léxico, dos meus pensamentos e, muitas vezes, até parece que se não a disser não estarei a descrever-me e apresentar-me adequadamente, com toda a verdade.

Sou, e desde que me lembro sempre fui, um aficionado por matérias relacionadas com o 'Cosmos', com o 'Universo' e a 'Exploração Espacial' -- quer com meios robóticos mas, principalmente, com seres humanos. Desde pequeno que a Astronomia me fascinava: os planetas, as estrelas, os quasares, os buracos negros, toda a panóplia infindável de matéria cósmica e estelar que partilha a sua existência connosco. À medida que fui crescendo fui-me tornando mais exigente. Já não bastava olhar pelo telescópio e ver as maravilhas da natureza cósmica a revelarem-se perante os meus olhos, já não bastavam os terabytes de dados que as antenas dos radiotelescópios nos fornecem, nem mesmo volumes, cada vez mais abundantes, de informações, em todos os campos do espectro, que recebemos das constelações de satélites astronómicos que orbitam a nossa Terra mas que perscrutam as profundezas do oceano cósmico. Comecei a querer 'ir' ao encontro destes objectos que apenas nos são apresentados na teoria, queria 'tocar', 'sentir' e 'ver' por mim próprio, e ajudar a humanidade a libertar-se desta prisão gravitacional que impede a nossa expansão pelo Sistema Solar. Comecei a sonhar em ser, não astronauta ou cosmonauta, mas Engenheiro Aeroespacial. A construção destes engenhos maravilhosos que nos estendem os sentidos ao solo de outros corpos celestes sempre me fascinaram e me fizeram brilhar os olhos de uma forma especial. Daqui a ser um "Mars Crazy" foi um pequeno passo. Tudo começou com uma revista da Scientific American de 1997 em que ouvi falar pela primeira vez da "Mars Society", sociedade essa que me introduziu no Mundo maravilhoso de pessoas que se dedicam a tornar o sonho de colocar um homem em Marte uma realidade! O que mais me fascinou foi que fiquei convencido.

Anos passaram desde esta minha adolescência maravilhada a descobrir os segredos do Cosmos. Anos passaram desde que tudo em que tocava se tornava um sucesso retumbante. Entrei na fase adulta e as coisas começaram a declinar sucessivamente... em breve iria perder o fôlego de outrora, iria desmoralizar onde antes era confiante, iria olhar para baixo e desistir quando antigamente levantava os olhos e lutava. Seis anos de martírio, seis anos de sofrimento mais ou menos visível, mais ou menos penoso, foram seis anos de uma depressão de se foi construindo e que me quase que levaria à autodestruição não fosse a providencial ajuda de uma amiga -- a minha querida Rita.

A ideia original de fazer o «Back to Mars» não foi inteiramente minha mas sim, em grande parte, de um amigo meu que também tem um blog. Foi ele o primeiro que me falou seriamente sobre a possibilidade de eu fazer um blog e até da sua utilidade, a ele devo-lhe todo o trabalho inicial de concepção deste pequeno projecto, porque nas condições em que estou penso que não seria capaz de o fazer sozinho... Em parte penso que ele percebeu, primeiro do que eu, a capacidade psicoterapêutica de um blog, da sua capacidade para estruturar o pensamento difuso, confuso, exagerado, adulterado pela minha visão pessimista do Mundo, pervertido pela doença que me corrói por dentro aos poucos... Para ti B. um enorme abraço por tudo o que fizestes por mim.

Estar deprimido é como estar afastado de mim próprio, é como estar desconectado do meu verdadeiro EU, é como estar descontextualizado da minha ambiência natural, e ter caído, muito subtilmente, num vazio crescente quer de motivação como de amor. Penso que o choque brutal para mim foi a ausência dos meus pais e dos meus irmãos aquando da minha entrada para a faculdade, foi este desenraizamento e exílio em Lisboa, longe de todas as pessoas que me faziam bem e que me mantinham animado e contente, mesmo quando aparentemente não havia razões para tal. Esta viragem da maré no início da faculdade, aos meus 18 anos, levou-me ao desespero quando verifiquei que era incapaz de lidar com a pressão e o sofrimento de não ser suficientemente bem sucedido na faculdade. Foram seis anos de "residência para a faculdade, faculdade para a residência"... Ao quarto quebrei. Não aguentava mais... num acto de desespero, num pedido urgente de ajuda, de atenção, de amor... desisti de muitas das minhas obrigações da faculdade e dediquei-me a um esforço colossal de introspecção profunda...

Ah! Finalmente! Eis uma razão pela qual não era feliz: nunca tinha amado alguém que pudesse partilhar a sua vida comigo, e as tentativas também não poderiam ter sido bem sucedidas, estava a procurar isso 'in the wrong side'. Autoconsciencializei-me que era gay. Por momentos muita coisa que me afligia o espírito foi vencida, mas não toda... Pela primeira vez pude ver-me livre de homofobias internalizadas, de preconceitos fascistas, de intolerâncias desumanas, de moralidades imorais... descobri o Amor. Acedi a uma nova forma de sentir, de viver... pude olhar o mundo com orgulho de ser como sou, de ser natural e humano. Mas mesmo depois desta enorme fase de habituação, que durou dois anos, algo ainda estava fora de sítio... ainda sentia um desassossego constante no peito, um murmúrio cismático a macerar a minha mente... O que seria?

Em breve os meus comportamentos, ou antes, a ausência de força anímica que me impelisse para que os pudesse ter, fez-me pensar, fez-me perscrutar uma vez mais o meu "eu íntimo"... Crise após crise, dia após dia, não conseguia nem estudar, nem divertir-me, nem sossegar, nem descansar, nem alienar-me das preocupações... estava como que prendido a uma inacção inenarrável que me fazia vegetar sem nexo por pensamentos ciclópicos e arrastar-me para a faculdade e para casa sem objectivo, sem vontade, sem alegria, apenas com a habitual angústia indefinida que não passa... Esta letargia compulsiva, quase fora do controlo da minha própria vontade racional, fez-me pensar então mais seriamente neste projecto de fazer um blog; era a forma ideal de colocar escritos os meus mais íntimos pensamentos e sentimentos, talvez assim os pudesse compreender a uma profundidade diferente, com um detalhe novo, sob novos prismas e alcançando dimensões desconhecidas. É a esperança de poder, com a ajuda desta ferramenta, libertar-me desta prisão que não me deixa exprimir-me na minha plenitude nem alcançar o vigor da totalidade das minhas capacidades pessoais... pretendo voltar atrás no tempo, voltar à minha adolescência de vontades flamejantes de viver os meus próprios projectos pessoais, com uma energia infantil indestrutível, voltar às minhas velhas, e no entanto ainda actuais, paixões pelo Espaço e por Marte, quero com todas as forças "voltar para Marte", voltar para mim próprio, redescobrir-me onde me perdi algures entre esse passado adolescente e o presente... é este percurso que quero partilhar convosco...

I'm going Back to Mars...