terça-feira, abril 19, 2005

Missão Impossível…

A minha agenda tem estado tão preenchida que mal tenho tempo para dormir quanto mais para fazer duas coisas ao mesmo tempo. Pois é isso que tem estado a acontecer-me repetidamente. Ter que estar em sítios diferentes ao mesmo tempo, ter que fazer projectos que se interceptam no tempo e no espaço… uma verdadeira miscelânea de afazeres, uns mais interessantes que outros, uns mais trabalhosos que outros, e, como tudo nesta vida, uns mais prioritários que outros! Tem que ser mesmo assim em tudo na nossa vida. Já deixei de tentar fazer tudo ao mesmo tempo e depois não fazer nada, ou então dar importância a projectos que não podem ter essa importância porque não vão contribuir para a minha felicidade como porventura outros… É por isso que não vou poder ir ao seminário sobre “Direitos Humanos” no âmbito do Projecto Educação (P.E.) na Escola Secundária Manuel Cargaleiro, no Fogueteiro: tenho um exame nesse dia!

Fiquei muito triste com isso e tentei então redimir-me dessa minha falta, organizei-me com o M. para que pudéssemos delinear uma estratégia para o seminário que fizesse sentido, que fosse de encontro ao que nos era pedido pela Escola, e que mostrasse um pouco do que fazemos no P.E.. Tentei organizar então materiais e ferramentas para usarmos nesta apresentação. Como é a nossa primeira vai ser complicado fazer as coisas todas com o nível de sofisticação e qualidade que ambicionamos, mas estou convicto que com o passar do tempo, quando mais e mais escolas nos proporcionarem estas oportunidades, teremos uma apresentação cada vez melhor, mais dinâmica, mais moderna e completa. A apresentação preliminar está completa, mas infelizmente não consigo coloca-la online nos arquivos da nossa mailing list. Não percebo o que se passa! Estou a ficar zangado com o Yahoo! Humpf!

Queremos também enviar para as escolas uma série de material que possa ser fotocopiado e oferecido aos alunos na entrada da sessão com perguntas&respostas básicas sobre a problemática da homossexualidade. Entre elas estão:

O que é a homossexualidade?

O que é a bissexualidade?

O que é a homofobia e o heterossexismo?

Quais são as causas da orientação sexual?

A homossexualidade e a bissexualidade são opções?

A homossexualidade é uma doença?

Pode-se mudar a orientação sexual de um indivíduo?

É verdade que a homossexualidade é causada por um trauma de infância ou pela ausência de uma figura parental do mesmo sexo?

A homossexualidade é um pecado?

Os homossexuais são todos promíscuos?

É verdade que todos os homossexuais são portadores do HIV?

Os homossexuais são pedófilos?

Os bissexuais são pessoas instáveis, indecisas ou incapazes de ser fiéis?

Num casal homossexual, um faz de homem e outro de mulher?

Os homossexuais podem ser pais?

Os homossexuais são bons pais?

Há um estilo de vida homossexual?

Os homossexuais são reconhecíveis fisicamente?

Quantos homossexuais existem?
O que significa a expressão “coming out” ou “sair do armário”?

O facto de haver informação sobre homossexualidade não significa que mais pessoas se vão “tornar” homossexuais?

A que níveis são discriminados os homossexuais?

Que fazer se um amigo ou amiga se assumir como homossexual/bissexual?

O que posso fazer para lutar contra o preconceito?

O que é o transgenderismo?

O que é a transexualidade?

Como devo lidar com um transexual?

A que níveis são discriminados os transgéneros?

É um rol de perguntas que com certeza vai tirar muitas dúvidas a muitos jovens! Espero que sim! :)

Psicologia das relações…

Na minha última sessão de psicoterapia estivemos a falar de relações… Como seria natural falei da “minha relação” com o M. Estivemos a “pensar em conjunto” sobre muitas coisas que me aconteceram com o M., sobre como tais sentimentos tinham surgido, como foram evoluindo e como estão neste momento enraizados em mim. Falamos de como a imagem de anjo que tinha dele foi violentamente abalada quando soube do relacionamento dele com o A.R., de como essa imagem se foi desgastando com o tempo, como a imagem que eu tinha construído dele se foi, lentamente, e penosamente, aproximando da imagem real, daquilo que ele é na realidade, com todas as virtudes, mas também todos os defeitos, de um ser humano.

É interessante constatar como as pessoas divinizam os seus objectos de “adoração”, as suas esperanças amorosas, sentimentais, românticas e mesmo sexuais, e lhes dão poderes e características muitas vezes divinas, extra-humanas, perfeitas… é a tentação de queremos o melhor para nós próprios que faz com que construamos uma imagem deturpada e pouco real das pessoas que nos dizem, ou queremos que venham a dizer, muito para nós. Foi isso que aconteceu comigo e com o M. Aos poucos noto que não tenho tanta necessidade de estar com ele, aos poucos vou reparando noutros rapazes, aos poucos vou conseguindo trabalhar sem ter a imagem dele pregada na mente… é saudável ter este género de evolução, porque gostar, ou estar siderado num rapaz que não quer nada comigo, que não quer saber de mim a não ser para trabalhar e como refúgio para quando já ninguém mais lhe liga, é muito penoso e destruidor para um coração solitário.

O que vale é que tenho seguido os conselhos do meu amigo Alex e estou mais animado. Tenho mil uma coisas em que pensar e isso tira-me tempo para pensar no facto de estar sozinho como sempre estive, faz com que seja suportável fazer seja o que for, faz com que possa estar a trabalhar e que esse trabalho signifique qualquer coisa para mim, pois, quando não temos ninguém ao nosso lado, temos que ser extremamente imaginativos para encontrar as mais diversas habilidades mentais por forma a mantermos um nível de motivação elevado sem recebermos o carinho e a atenção que sempre desejamos. Aos poucos vou-me habituando a estar sozinho.

domingo, abril 17, 2005

Visão Aterradora

A semana passada tive uma visão aterradora na minha faculdade quando, na entrada principal, deparei-me a certa altura com um bólido da Polícia de Segurança Pública, aka PSP. :o

O veículo policial em questão tinha no seu interior dois agentes, um do sexo masculino e outro do sexo feminino, ambos de óculos escuros e ar desconfiado!

A sua presença por certo afastaria qualquer tipo de agente terrorista ou ladrãozeco de esquina, mas a sua presença era mais do que atípica ou aleatória, tratava-se de um carro formidável que tinha escrito nas portas, a trás e a à frente, e certamente por cima se desse para eu ver, as palavras ameaçadoras «Escola Segura». É verdade, imaginei de imediato o medo aterrador que qualquer agente do mal teria perante tal visão aterradora!

Imaginei de imediato também uma perseguição a alta velocidade com este veículo automóvel do século XXI. Uma perseguição a BMWs, Mercedes, Audis, Lexus, seja lá o que for. Aquele Smart da PSP com certeza que abalroaria qualquer malfeitor contra a ordem pública! LOL

segunda-feira, abril 11, 2005

Muito melhores tempos chegaram…

(Era para ter publicado este post na quinta-feira mas devido a um problema no Blogger tive que adiar para hoje. Aqui fica então em atraso...)


Desde meados desta semana que não me posso queixar de tristezas, até posso dizer que fiquei surpreendido comigo mesmo. Voltei a ter mais motivação e mais dedicação ao estudo e afazeres tanto da faculdade, como da APAE ou da associação rede ex aequo. Posso até dizer que estou ‘atolado’, no bom sentido, em trabalho.

Faculdade

Tenho dois testes importantes a fazer nas próximas três semanas. De sexta-feira a oito dias tenho teste de Aerodinâmica I, e de sexta-feira a quinze dias tenho teste de Aerodinâmica II. Tenho dois calhamaços para ler e muitas pestanas para queimar até lá! Assim seja.

APAE

Além de estar quase tudo tratado nas finanças, temos o EMEAC’05 a começar no dia a seguir ao teste de Aerodinâmica II. Vai ser uma semaninha dedicada a uma conferência internacional aqui em Lisboa que me vai fazer contactar com 43 colegas de engenharia aeroespacial de toda a Europa.

Projecto Educação

Tenho o meu primeiro grande teste às minhas capacidades de orador na próxima terça-feira quando for a um simpósio numa escola secundária aqui em Lisboa dedicado ao tema dos Direitos Humanos em que a rede ex aequo foi convidada. Vou eu e o M. ao simpósio e vamos falar sobre questões LGBT a alunos do 10º ano de escolaridade.

Além disso vou a casa este fim-de-semana para descansar a cabeça de Lisboa e para estudar aerodinâmica que bem preciso!

Não me poso queixar de que não tenho coisas para fazer. Estou cheio de trabalho e para a semana vou voltar ao Aikidô porque já há condições para tal! :)

terça-feira, abril 05, 2005

Tempos Confusos… Tempos Tristes… Tempos para Esquecer…

De vez em quando todos passamos por algum período da nossa vida que gostaríamos de rectificar, por vezes até de esquecer ou de passar por cima muito, muito depressa e sem olhar para trás. Tem sido assim desde sexta-feira até hoje. Nestes dias sonhei alto, martirizei-me muito, estive em agonia, com a inquietação de não saber o que esperar do futuro e das pessoas que poderiam fazer parte dele com mais intensidade – ou que pelo menos eu esperava que fizessem – e ao mesmo tempo revivi velhas e conhecidas fraquezas do meu espírito e da minha personalidade. O isolamento, a dependência do carinho e afectos dos outros, a dificuldade em gerir a vida académica independentemente da minha vida pessoal e sentimental… É o repetir de uma velha história, de velhas situações que ciclicamente voltam a acontecer na minha vida. Mais uma vez as minhas expectativas foram demasiado altas para as potencialidade que tinha. Todos os indícios estavam em cima da mesa: ter que ser sempre eu a telefonar e a enviar uma SMS para receber um resposta, sentir a necessidade da sua companhia, da sua presença, do seu sorriso, do seu olhar meigo, da sua fala assertiva, piercings super-fashion, do optimismo e energia que me cativava e que me transmitia sempre que estava com ele; e ao mesmo tempo saber que era só eu que sentia isso, não ele, tudo eram indícios de [mais] um desastre emocional anunciado.

A sexta-feira o dia não poderia ter sido melhor, cheio de actividade desde manhã cedo até bem à noitinha no aniversário da minha amiga R. Cacao; estive ocupado com lides da APAE desde as 8h00 até ao início da tarde, concentrado a falar com amigos meus da faculdade até meio da tarde, e na fantástica companhia do M. até ao início da noite. Eu e o M. encontramo-nos no Atrium Saldanha e depois fomos até ao CUP&CINO do Saldanha, de seguida fomos ao cinema no Monumental ver o Sideways – um óptimo filme para quem tiver uma vida desastrada e sem nada de positivo e que queira ver que há pessoas que passam pelo mesmo nas suas vidas como o actor principal – como seria de esperar senti-me identificadíssimo com o nível e a frequência de desastres que acontecem na vida de tal personagem, tirando o vinho que detesto! Já atrasado cheguei a casa da R. Cacao onde me esperava uma casa cheia de gente a divertir-se imenso. Acabei por comer qualquer coisa, desejar feliz aniversário e sair muito cedo dado que estava com uma directa em cima…

O Sábado foi o dia da festa de aniversário da rede ex aequo que correu imensamente bem. O jantar antecedeu a festa propriamente dita, e embora tivesse que ver pessoas que detesto (como o Th.), acabei por não ligar a tais indivíduos e concentrar-me em estar junto da V. (que também pratica Aikidô), da M. (que é uma pessoa fora de série, cheia de vitalidade e energia) e do M. (que ficou mesmo à minha frente no jantar). Antes do jantar começar decidi que era uma altura como outra qualquer para colocar as cartas todas em cima da mesa e perguntar directamente ao M. o que é que raio é que ele sentia por mim, o que é que ele queria ser em relação a mim, e se sabia o que eu sentia por ele. A resposta era a que eu esperava, embora não aquela que eu desejasse. Disse-me que era só um amigo dele – algumas pessoas devem estar a ler isto e a dizerem: «I’ve warned you about it, didn’t I?». Escusado será dizer que por dentro fiquei em cacos. Decidi no momento em que ouvia estas palavras que tinha que me isolar para pensar, para me reencontrar, para reflectir sobre o que fazer agora em que todo o investimento num sentimento ilusório foi tudo quanto eu fiz durante tanto tempo. Apercebi-me do ridículo por que passo sempre que gosto ou me afeiçoo a alguém, como ainda sou um adolescente emocionalmente falando… Patético! Mas que haveria de fazer? Esconder-me debaixo de uma rocha? Não sabia… Fui para casa depois do jantar, não porque tivesse que estudar porque não estudei nada, mas porque precisava que estar sozinho e pensar no que fazer a seguir… precisava que voltar a fundar certas crenças: como acreditar que as pessoas são inerentemente boas, que se respeitam umas às outras e que procuram a felicidade em comunhão com os outros… Acho que a maioria das pessoas quer é sexo e mais nada. Quer é dinheiro para si próprias e está-se nas tintas se há pessoas com necessidades. Quer é estar bem e quer lá saber se os outros estão bem ou se as suas acções os fazem sentir ou não bem… Tentei dormir sem grande sucesso até às cinco da manhã… depois descansei, mas foi um descanso recheado de sonhos turbulentos, de constantes acordares ao longo da manhã…

Acabei por me levantar da cama no Domingo já de tarde. Tentei telefonar ao R., ao N. e ao R.K.. Nenhum me atendeu o telemóvel! Telefonei ao A. Atendeu. Combinamos no Atrium Saldanha. Encontramo-nos, almoçamos, conversamos, desabafei o que sentia o que me aconteceu nos últimos meses. Saímos, fomos ao Palácio Sotto-Mayor (ou lá como é que isso se escreve) e às galerias comerciais. Foi a nossa primeira vez nesse espaço de Lisboa. Gostei. É calmo. Estou a pensar em repetir. Combinei entretanto com o A. que num destes sábados havemos de ir os dois ao MG para nos divertirmos, partirmos o côco a rir, e acima de tudo passarmos uma bela noite juntos, como dois amigos muito pouco sortudos quanto a relacionamentos e amores… estou a pensar em propor-lhe a formação de uma associação sem fins lucrativos com o título de «Os Encalhados». LOL Enfim, é só falar com a L. e ver se ela nos leva na Claudette para o MG – se ela quiser associar-se à nossa causa também pode desde já pagar as cotas com boleias para o MG!! Que achas moça?! :) No final da tarde, depois de uma tarde fantástica com o A. decidi visitar o R. e o N., não estavam em casa, tinham ido jantar ao Monumental, ou seja, desencontramo-nos. Fui para casa. No caminho telefonei à S. Cacao para ver se ela estava lá em casa, estava! Fui então lentamente até casa das meninas Cacao, junto ao Tejo, desde o Pavilhão Atlântico até aos jardins da Expo junto da casa delas. Olhei em redor. Estava uma noite calma, sem muitas pessoas a passear àquela hora, uma leve brisa, o rio tranquilo, sem quase ondulação, pontilhado dos reflexos das luzes à beira rio e por baixo da Ponte Vasco da Gama. Gosto de passear junto ao rio quando estou triste, gosto de estar naquele silêncio, da paz da natureza, da brisa que nos faz arrebitar e arrefecer a mente dos cenários mais sombrios e irrequietos. Actua como um ansiolítico natural… Quando cheguei a casa delas estava lá também a L. e a A. nas cantorias junto de uma consola Palystation 2 onde podem simular uma máquina de Karaoke – como sempre foi uma risota pegada!

Hoje as coisas foram de mal a pior. Voltei a adormecer tardíssimo, mesmo com um chá “Noite Calma” (LOL) e voltei a acordar tardíssimo… vontade para estudar é nula, espírito para a alegria idem aspas… fui a uma reunião da direcção da APAE e pouco mais. A crise de motivação é enorme. Acabo por desistir antes de começar. Acabo por deixar de acreditar que alguma vez conseguirei levantar-me deste estado… é impressionante.

A boa notícia é que vou no próximo fim-de-semana a casa ver os meu pais e os meus irmãos. A minha mãe vai ser operada brevemente e quero estar com ela antes da operação. Além disso quero deixar Lisboa para trás e as recordações que ultimamente estão associadas a ela. Quero afastar-me dos problemas, não para os resolver, mas para evitar sofrer com eles.